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Apressai-vos e não tardeis, Senhor Jesus! – A Mesa da Palavra – 4º Domingo do Advento

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A MESA DA PALAVRA
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
IV Domingo do Advento – B
24 de dezembro de 2023

APRESSAI-VOS E NÃO TARDEIS, SENHOR JESUS!

Caros amigos,
Pela graça de Deus, estamos chegando mais uma vez, à sempre grande, muito querida e esperada Festa do Natal. Desde o começo do tempo do Advento, fomos especialmente convocados a uma alegre vigilância, acompanhada de uma certa austeridade, em preparação para a celebração memorial do mais admirável acontecimento da história humana. Sim, estamos às portas do Natal.

Nos últimos domingos meditávamos no tríplice Advento do Senhor. No Primeiro Domingo a vigilância que nos prepara para a vinda gloriosa do Senhor, que virá como Justo Juiz no fim da história. No segundo domingo, a Igreja nos convidava a nos dispormos para celebrar o Natal comungando na longa preparação da primeira vinda do Senhor na humildade da nossa carne humana e renovando o ardente desejo de sua segunda vinda cercado de majestade e esplendor. Domingo passado, o terceiro do tempo do advento, ouvíamos o convite da Igreja a nos alegrarmos pois a chegada do Senhor é iminente. Não sem razão, nós pedimos cada Eucaristia que se apresse o dia da sua vinda gloriosa: “Maranata! Vem, Senhor Jesus”. É Ele a nossa alegria.

Hoje, queridos amigos, chegamos ao último Domingo do Advento ansiosos por esta alegria. Eis que o Senhor está às portas e nós rezamos com a Santa Igreja: “Apressai-vos e não tardeis, Senhor Jesus, para que sejam revigorados, com a alegria da vossa vinda os que confiam em vosso amor” (Missal Romano, Collecta). Nesta oração rezada após o ato penitencial, se recolhe o pressuroso desejo da Igreja. A vinda do Senhor não nos assusta a nós crentes. Por ela suspiramos e ela nos revigora porque confiamos no Seu amor.

A Sagrada Liturgia, depois de nos ter recordado os sinais que Deus, nosso Pai, foi dando ao Povo de Israel acerca do envio do Salvador da humanidade, neste quarto Domingo do Advento, nos dá o último sinal dessa vinda tão desejada. O nosso Salvador é Jesus, descendente de Davi, filho de Maria sempre Virgem. A Virgem Filha de Sião aguarda com suave paciência a vinda do Messias, do Seu Filho.

Aquele rei, de cuja linhagem nasce Jesus, Davi, tinha confidenciado ao profeta Natã o seu pio desejo de construir uma casa digna da misteriosa presença do Senhor significada na Arca da Aliança. O modesto tabernáculo feito de cortinados era a pobre tenda de um Deus peregrino que não aceitou ser encerrado num um templo. O Deus de Israel é Deus-conosco. Ele não quer ficar encerrado apenas num edifício de pedras, ainda que esplendoroso como será o templo de Salomão. Ele quer estar conosco nas estradas, nas ruas da cidade, em nossas casas, no campo, nas oficinas, nos ambientes de trabalho e de estudo, de lazer e de entretenimento, enfim, em quaisquer que sejam os lugares e circunstâncias em que passamos os nossos dias. O Senhor não se cansa de peregrinar em nós e entre nós, como o fez ao alcançar os discípulos que caminhavam descoroçoados de volta para a sua Emaús.

Hoje, nos unimos de perto à Virgem Maria. Ela recebe o anúncio do Anjo. O Verbo se fez carne no ventre de Maria e estabeleceu sua morada entre nós (em grego: ἐσκήνωσεν ἐν ἡμῖν = armou sua tenda entre nós) (Jo 1,14). Graças a isso, nós podemos conhecer a sua glória e, pela fé, recebemos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (cf Jo 1,12). Deus não quis ser encerrado numa casa (edifício) construída pelas mãos de Davi dentro da cidade, mas quis nascer livre, fora da cidade, na casa (dinastia) de Davi.

De fato, “Jesus é Deus que Se despoja da sua glória. Vemos aqui a escolha da pobreza feita por Deus: sendo rico, fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). É o mistério que contemplamos no presépio, vendo o Filho de Deus numa manjedoura; e, mais tarde na cruz, onde o despojamento chega ao seu ápice. Assim o Messias não vem como um rei nos palácios, nasce como os pobres de Deus. O conceito hebraico de pobres, ou anawim, se refere aos «pobres de Iahweh». Ademais da pobreza propriamente dita, evoca também a humildade, a consciência dos próprios limites, da própria condição existencial de miséria. Os anawim confiam no Senhor, sabem que dependem d’Ele (cf Papa Francisco, JMJ 2014).

José e Maria foram a Belém como filhos da casa de Davi, mas estiveram na Casa do Pão (=Belém) como verdadeiros anawim, pobres decididos a fazer em tudo a vontade do Senhor.

Assim o Deus feito homem, feito bem-aventurado anawim, foi gerado na casa de Davi, no ventre de Maria, para dar origem a um novo povo de adoradores em espírito e verdade. Nossa santa religião não é apenas um culto, ainda que magnifico. Embora a liturgia seja a fonte e o ápice da vida da Igreja, ela não esgota toda a ação da Igreja (cf SC 9): temos um imenso campo de ação em que a vida cristã se desenrola fora dos templos, com cujo culto a vida deve ser coerente, porque se opera em nós a redenção. A Virgem Mãe, com efeito, é mestra para nós. Ao ouvir o anúncio do anjo, assim que Ele se retirou, não fez caso de si, da sua gravidez, nem se abandonou a uma contemplação autorreferencial. Saiu imediatamente para cuidar de Isabel em Ain Karin, onde ficou por seis meses.

Nesta Eucaristia que receberemos daqui a pouco, suplicamos ao Senhor que Ele nos renove ao comemorarmos o nascimento do Filho, “que se faz comida e bebida na celebração do divino mistério” (Missal Romano, post communio). Não sem razão, ao apresentar os dons ao altar, o sacerdote suplica em nome da Igreja que o Senhor nos conceda a graça de “celebrar com grande fervor a liturgia que nos prepara para o Natal, pois neste mistério vos nos mostrais o início da nossa redenção” (Missal Romano, super oblata).

Celebremos com ação de graças e fervor o início da nossa salvação: “Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a sua misericórdia” (S. Agostinho, Sermo 185).

Bem unidos ao Dulcíssimo Coração de Maria, aguardamos a iminente chegada do Menino. Por um momento, imaginemos, antes, procuremos ver com os olhos da alma com que carinho e cuidado Nossa Senhora preparou o nascimento de Jesus! Seja Ela, a Mãe de Jesus e nossa terna Mãe do Céu, quem nos ensine também a preparar e viver o melhor possível tão grande e venturoso acontecimento. Esta noite, irmãos, esta noite o Senhor nos visitará. Acolhamos com amor o Filho bendito da Virgem Maria, abramos de par em par o nosso coração para que Ele entre e arme a sua tenda em nossa vida. “Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção” (Santo Agostinho, ibid.).

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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