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A Mesa da Palavra – Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo

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A MESA DA PALAVRA
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
(Dia do Papa)
Itumbiara, 30 de junho de 2024

“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”

Caros irmãos,
I. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”
A solenidade de São Pedro e São Paulo Apóstolos é antiquíssima. Sua celebração está
presente em todas as tradições litúrgicas e exerce um grande fascínio sobre os fiéis.
A missa do dia testemunha a confiança da Igreja na intercessão “destes Apóstolos que
nos deram as primícias da fé” (Coleta). O Evangelho evidencia singular missão de Pedro na
Igreja. Jesus anuncia que o novo povo de Deus tem o seu fundamento na Rocha que, após a Sua Ascensão aos céus, será Pedro. A ele confia as chaves: Tu és Pedro…! Esta missão de Pedro será transmitida aos seus sucessores, os Papas.

O Papa Francisco é o sucessor de Pedro, o primeiro dos Apóstolos, mas também de
Paulo, apóstolo das gentes. Princípio visível de unidade como Pedro e testemunha da
universalidade da mensagem de Cristo como Paulo, o Papa nos sustenta na unidade católica, nos incita a abraçar o amor de Cristo que nos impele no serviço aos mais pobres, nos conclama a ser peregrinos da esperança no caminho da bem-aventurança.

Unidos no comum ardor missionário desde os inícios da pregação apostólica, ou seja,
desde as origens da Santa Igreja, os dois santos Apóstolos permanecerão definitivamente
unidos como seus patronos e guias. Não é exagerado dizer que a verdadeira grandeza da Romase deve mais a Pedro e Paulo, que lá derramaram o sangue pelo nome do Senhor Jesus Cristo, do que aos césares.

Mas quem são estes homens e de onde lhes vem essa grandeza? Simão, nascido em Betsaida, às margens do lago de Tiberíades, foi introduzido pelo irmão André entre os discípulos de Jesus. Simão e André, juntamente com os dois filhos de Zebedeu, foram convidados pelo Senhor a abandonar as redes para se tornarem “pescadores de homens”. Jesus deu a Simão o nome de Pedro e o constituiu fundamento da Igreja e detentor das chaves do reino dos céus.

O Evangelho da missa do dia testemunha a vontade do Senhor de edificar a sua Igreja
sobre o fundamento dos apóstolos (Mt 16,18; cf tb Ef 2,20), para conservar e transmitir com a força do Espírito Santo que nela habita o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos (CIgC 857).

Com Tiago e João, Pedro foi testemunha da transfiguração do Salvador no Tabor e da
angústia de Jesus no Getsêmani. Na última ceia Jesus lhe confiou a missão de confirmar na
fé os irmãos. Durante a paixão de Cristo, renegou o seu Mestre, mas imediatamente chorou amargamente a traição. O Ressuscitado, ao ouvir de Pedro a tríplice confissão de amor, confiou-lhe o supremo pastoreio de toda a grei cristã (cf Jo 21,15-19).

Depois da efusão do Espírito Santo em Pentecostes, o Principe dos apóstolos governou
por algum tempo a Igreja de Antioquia e depois a Igreja de Roma. Sob a perseguição de Nero, ele e Paulo mereceram receber na capital imperial a palma gloriosa do martírio.
II. “Quanto a mim eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento da minha partida”.

Paulo, antes chamado Saulo, nasceu em Tarso da Cilícia. Em Jerusalém foi discípulo
de Gamaliel e tornou-se um zeloso doutor da lei e fariseu. Tomou parte como testemunha da morte de Estêvão e foi implacável perseguidor dos discípulos de Jesus.

A caminho de Damasco, a experiência de encontro com o Ressuscitado o converteu
em um discípulo enamorado do Senhor Jesus. Após alguns anos de solidão e silêncio,
chamado por Barnabé, foi acolhido em Antioquia. De lá partiu para inúmeras viagens
missionárias, viagens estas que deram vida a muitas Igrejas de cristãos provenientes dos
gentios. Assumindo o nome de Paulo (pequeno) ele se tornou um grande e apaixonado
pregoeiro do Evangelho.

Sua fidelidade aos ensinamentos do Senhor Jesus transparece nas palavras consignadas
pela Epístola aos Gálatas: “Asseguro-vos que o evangelho pregado por mim não é conforme a critérios humanos” (Gal 1,11). Ele afirma que recebeu do próprio Jesus o evangelho que anuncia. As credenciais do seu zelo apostólico, ele as mostra apelando ao testemunho do seu antigo zelo de perseguidor, agora convertido em amor apaixonado pelo anúncio aos gentios.

Ele sabe que Deus o separou desde o ventre materno e o chamou por sua graça. A convicção da origem divina da sua mensagem não o impede, antes o impele a ir a Jerusalém para encontrar Cefas, garante da unidade na fé.

Seus escritos inspirados pelo Espírito Santo formam parte das Escrituras neotestamentárias
que iluminam e orientam a vida da Igreja de todos os tempos, com a riqueza de sua doutrina e a magnanimidade do seu testemunho.

Preso muitas vezes, arrostou fadigas e perigos com fortaleza e amor ardente. Combateu
o bom combate da fé até a efusão do sangue sob Nero. O local do seu martírio é ornado com um monumento chamado Ter Fontane, ao lado do qual se ergue um mosteiro Cisterciense que mantém viva a memória do Santo Apóstolo.

III. “Pedro, tu me amas?”
Ao celebrarmos a missão desses grandes Apóstolos, encontramos uma ocasião propícia
para pôr em evidência, uma vez mais, a importância da caridade na atividade dos Pastores da Igreja. Bento XVI nos fala sobre o tema citando uma frase bem conhecida de Santo Agostinho sobre o diálogo entre Jesus e Pedro no fim do Quarto Evangelho. Apoiando-nos na meditação de Bento XVI vamos compreender melhor o significado do ofício de amor confiado a Pedro e a todos os pastores da Igreja.

Diz ele: “Est amoris officium pascere dominicum gregem – apascentar a grei do Senhor é ofício de amor: esta admirável intuição do Bispo Agostinho (cf. In Io. Ev. tract., 123, 5: PL 35, 1967) volta a ser, também nos dias de hoje, de grande encorajamento para nós Bispos, comprometidos no cuidado do rebanho que não nos pertence a nós, mas ao Senhor.

Em cumprimento do seu mandato, nós procuramos proteger a grei, alimentando-a e
conduzindo-a para Ele, o Bom Pastor que deseja a salvação de todos. Por conseguinte,
alimentar o rebanho do Senhor é um ministério de amor vigilante, que exige a dedicação total, até esgotar as próprias forças e, se for necessário, até ao sacrifício da vida. A Eucaristia é a nascente e o segredo do impulso permanente da nossa missão. Na realidade, na sua existência eclesial, o Bispo configura a imagem de Cristo que nos nutre com a sua carne e com o seu sangue. É da Eucaristia que o Pastor haurirá vigor, para assim exercer aquela particular caridade pastoral, que consiste em dispensar o alimento da verdade ao povo cristão”.

“De modo especial – prossegue Bento XVI –, não podemos calar acerca da verdade do
Amor, porque se trata da própria essência de Deus. Anunciá-la dos telhados (cf. Mt 10, 27) é não só amoris officium (dever de amor), mas também uma mensagem necessária para o
homem de todos os tempos. A verdade do amor evangélico interessa todo o homem e o
homem todo, uma vez que compromete o Pastor a proclamá-la sem quaisquer temores nem hesitações, sem jamais ceder aos condicionamentos do mundo: opportune, importune, oportuna e inoportunamente (cf. 2 Tm 4, 2)”.

O que Bento XVI afirma sobre a missão episcopal se aplica especialmente à missão do
Bispo de Roma. E não apenas no plano do ensinamento da verdade que salva, como também no exercício da caridade pastoral.

No pontificado de Papa Francisco temos visto um grande testemunho da incidência pastoral da misericórdia, tanto no plano da praxe pastoral intra-eclesial quanto no plano da missão pastoral no seio das realidades temporais. O permanente apelo em favor da paz, a solitária travessia da Praça de São Pedro no tempo da pandemia do Covid-19, a reiterada exortação ao cuidado da criação em prol da preservação da casa comum dos filhos de Deus, as palavras proféticas sobre as mais variadas formas de ofensa à dignidade transcendente da pessoa humana… Enfim, só o olhar “samaritano” de Pedro e dos sucessores dos apóstolos em comunhão com ele é que consegue recobrar credibilidade ao anúncio intrépido da Boa Nova.

Queridos irmãos, nosso Senhor está na popa da barca que singra os mares atribulados
da história. Pedro sempre nos lembra a confiança com que desperta o Senhor, com que guia o povo na oração confiante no poder do Senhor de oferecer a paz aos que sofrem. Pedro está no timão e continua a lançar as redes. Paulo não perde o ardor missionário: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16)

Aos queridos sacerdotes e diáconos da Igreja de Itumbiara vai o meu mais cordial
sentimento de gratidão e de afeto fraterno. Sem a dedicação e entrega de todos e cada um
deles ao serviço do povo de Deus, o ministério episcopal não teria a eficácia pastoral desejada. Neste pequeno rebanho de Itumbiara, o seu pastor visível se une ao Sucessor de Pedro, e com ele confia o ministério de apascentar as ovelhas ao Cristo Bom Pastor.

Confiante na intercessão dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, a Igreja no Brasil celebra
o dia do Papa, atendendo ao constante pedido do Santo Padre Francisco: “Rezem por mim”.
Nós rezamos pelo Santo Padre e manifestamos o nosso amor pela sua singular missão no
coração da Igreja. Não é possível ser católico sem a comunhão afetiva e efetiva com o Romano Pontífice.

Por isso, juntamente com o nosso clero dedicado clero e unidos às intenções do Santo
Padre, peço aos fiéis da diocese de Itumbiara: Rezem por mim. Rezem por nós. Nós não
deixamos de rezar pelas ovelhas da grei de Cristo a nós confiada.

Diocese de Itumbiara
Diocese de Itumbiarahttps://diocesedeitumbiara.com.br/
A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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