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A Mesa da Palavra – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

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A MESA DA PALAVRA
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
(Missa do Dia)
Itumbiara, 18 de agosto de 2024

“Apareceu no céu um grande sinal!”
Caros amigos,

I. “… dai-nos viver sempre atentos às coisas do alto…” (Coleta)

Neste Domingo, a Igreja no Brasil celebra a Assunção da Imaculada Virgem Maria ao céu em corpo e alma. Assim, de fato, aprouve ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus de toda a consolação elevá-la para junto de si, coroando-a de glória. Na oração coleta a Igreja roga ao Pai que nos conceda a graça de “viver sempre atentos às coisas do alto para merecermos participar de sua glória”.

Ao entrar na Jerusalém celeste, coroada de glória, a imaculada Virgem Maria aponta para nós o nosso destino eterno: viver para sempre no banquete do Reino, participando de sua glória.

Enquanto contempla o mistério inefável da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria aos céus em corpo e alma, a Igreja no Brasil se dedica neste domingo a refletir sobre a vocação à Vida Consagrada como expressão da presença de testemunhas e sinais do Reino de Deus presente e atuante na história. Com Ela, e confiados na Sua poderosa intercessão, suplicamos ao Bom Deus que muitos irmãos e irmãs se disponham a discernir a própria vocação para o seguimento de Jesus através da profissão dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência em vista de viver a perfeita caridade na comunhão de vida fraterna.

II. “Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a arca da Aliança” (Ap 11,19)

A primeira leitura, extraída dos capítulos 11 e 12 do Apocalipse apresenta o grande sinal da “mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 12,1). Nela, a piedade e a iconografia católica, seguindo o ensinamento de Santo Agostinho e de São Bernardo, entre outros, reconhecem a Virgem Imaculada que foi assunta ao céu, aquela que é a Arca da Aliança nova e eterna.

Nela a Tradição reconhece a imagem da Igreja, o novo povo de Deus, sempre ameaçada pelo Dragão infernal. Nessa página da Revelação, o Dragão significa ao mesmo tempo a antiga serpente (Gen. 3,15) e os poderes mundanos, causa segunda da ação diabólica daquele que é o homicida, dos que então como hoje perseguem à morte os discípulos de Jesus. No dogma da Assunção da Virgem Maria, proclamado por Pio XII, dia 1 de novembro de 1950, a Igreja nos ensina que não há comparação entre os sofrimentos do tempo presente e a glória que nos está reservada no céu (cf Rom 8,18). Conforme às promessas feitas por Deus já no protoevangelho (Gen 3,15) a antiga serpente é derrotada pela descendência da mulher, abrindo-nos assim o caminho da vida.

Convém lembrar que todos os textos escriturísticos referentes ao mistério da Igreja podem ser lidos e aplicados em relação à Virgem Maria. Efetivamente o Mistério de Maria sempre se insere no Mistério da Igreja e o ilumina enquanto ela nos precede na morada celeste (cf. Lumen gentium, cap. VIII).

A Igreja aplica à Santíssima Virgem e ao amor esponsal da vida consagrada as palavras do salmo 44, rezado neste domingo. “Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: Esquecei o vosso povo e a casa paterna. Que o Rei se encante com a vossa beleza! Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!”. Esta homenagem é a oblatio sui, a oferta da própria vida ao Senhor como a Esposa ao Esposo. Por esta oblação, “entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real”. Assim, na Assunção, Maria ingressou no Palácio real chamada pelo Rei.

III. “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que adormeceram” (I Cor 15,20)

Na primeira Epístola aos Coríntios, descobrimos o fundamento da graça da Assunção de nossa Senhora precisamente na vitória de Cristo sobre a morte e sobre todos os principados e potestades. A antiga serpente foi posta debaixo dos pés do Ressuscitado e já não tem poder sobre os redimidos.

Sim, Cristo é vencedor da morte. Mas a sua vitória será plena quando ele vencer a morte também naqueles que são seus. Todo os membros do seu corpo devem ser atingidos pela vitória sobre a morte, “pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés”.

E prossegue o Apóstolo: “O último inimigo a ser destruído é a morte” (cf. I Cor 15,25-26). De fato, somente quando todos os seus houverem participado da ressurreição é que ele terá cumprido plenamente a sua obra e Deus será tudo em todos. Na Assunção de Maria a Igreja vê a mais excelsa das criaturas antecipando o destino eterno dos redimidos.

IV. “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48)

A Igreja hoje lê o Evangelho da visitação a Santa Isabel, em cujo contexto a Virgem Maria prorrompe no canto do Magnificat. Este cântico é a celebração gozosa e o resumo de toda a história da salvação. Esta história, que transforma as situações humanas, é ininterruptamente conduzida por Deus, em quem vivemos, nos movemos e somos. Ela glorifica este Deus providente que, movido pelo seu amor misericordioso, sempre exalta os pequenos e os pobres, libertando-os de toda opressão.

No Magnificat, rezado todos os dias na oração da tarde da Igreja, Deus é louvado por sua imensa misericórdia. É uma oração que sobe à presença do Pai como o incenso ao cair da tarde. É fácil aqui vislumbrar que as grandes coisas feitas por Deus na vida de Maria encontram seu desfecho na Assunção e – celebraremos dia 22 – na Coroação como Rainha do Céu e da Terra.

Do evangelho (Lc 1,38-56), ademais, a Igreja aprende a perpetuar no tempo o seu Magnificat pelas grandes coisas realizadas na história através da jovem Myriam de Nazaré. E assim, no seio da assembleia orante, os consagrados e consagradas unem sua voz à da Igreja para celebrar a glorificação da Mãe do Senhor: “Hoje, a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi elevada à glória do céu. Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida” (Prefácio).

Aquela que, por obra do Espírito Santo, concebeu em seu ventre puríssimo o próprio autor da vida, foi preservada da corrupção da morte na Assunção, assim como fora preservada de toda mancha de pecado original em previsão dos méritos de Jesus.

A Liturgia a este ponto prossegue aclamando a esperança da glória eterna, unindo a Igreja peregrina à triunfante para cantar o hino ao Deus três vezes santo, fonte de todos os dons. E nós nos dirigimos confiantes à Santa Mãe de Deus antes de passarmos à Mesa Eucarística.

“Verdadeiramente, ó Maria, ainda que tenhais emigrado desta terra, não vos afastastes do povo cristão. Não vos afastastes deste mundo que está envelhecendo, vós que sois ao lado de Cristo vida incorrupta. Antes, vós vos aproximais ainda mais daqueles que vos invocam e vos deixais encontrar por aqueles que vos buscam com fé”.  (S. Germano de Constantinopla).

Nós aqui, hoje reunidos para celebrar o Santo Sacrifício do Altar, vos procuramos com confiança e depositamos em vossas mãos as nossas humildes súplicas.
Vós que fostes elevada às moradas celestes, volvei o vosso amoroso olhar de Mãe para a nossa Igreja de Itumbiara; rogai às Três Divinas Pessoas que mandem muitas vocações para a vida Consagrada em nossa querida Igreja de Itumbiara.

Olhai para as nossas comunidades não vos esqueçais de suplicar ao Sumo e Eterno Sacerdote vocações para o serviço do santo altar.

Vede, enfim, o estado de nossas almas. Ajudai-nos com a vossa intercessão a ter a verdadeira contrição e a buscar uma vida santa, para sermos apóstolos zelosos de vosso Filho.

Mãe elevada ao céu, nós confiamos em vós.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

 

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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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