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Mesa da Palavra – Epifania do Senhor

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A MESA DA PALAVRA
SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR
Itumbiara, 5 de janeiro de 2025

“As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor” (cf. Sl 71)

Caros amigos,
Viemos aqui hoje, guiados pela luz da fé, para contemplar o Menino do Presépio com os olhos dos Magos. Sabendo-nos pobres, nós nos unimos aos dons apresentados pelos Magos: reconhecemos nele o nosso Rei e Senhor, oferecendo o ouro de nossas virtudes. Nós o louvamos como Deus, oferecendo o incenso da nossa sincera adoração. E o proclamamos nosso irmão oferecendo a mirra que recorda a natureza humana sujeita à morte. É a fé no Filho de Deus humanado a luz da estrela que nos guia, que nos reúne nesta igreja catedral, mãe de todas as igrejas da nossa Diocese de Itumbiara, viemos aqui para honrar o Filho de Maria Santíssima adorando-o como Filho do Eterno Pai.

Aproximemo-nos do Presépio com a mesma certeza e amor com que se avizinharam os Magos, os homens sábios do oriente, que seguindo a estrela encontraram a luz do Sol meridiano. “No Oriente brilha uma estrela visível em pleno dia e conduz os magos ao lugar onde está deitado o Verbo feito homem, para demonstrar misticamente que o Verbo, contido na lei e nos profetas, supera o conhecimento sensível e conduz as nações à plena luz do conhecimento” (São Máximo, Confessor, Sentenças).

 

I. “… apareceu sobre ti a glória do Senhor” (Is 60,1)
Para a Igreja crente e orante, os Magos do Oriente, que, guiados pela estrela, encontraram o caminho para o presépio de Belém, são apenas o princípio duma grande procissão que permeia a história. Por isso, a liturgia lê o Evangelho que fala do caminho dos Magos juntamente com as estupendas visões proféticas de Isaías 60 e do Salmo 71 que ilustram, com imagens ousadas, a peregrinação dos povos para Jerusalém.

Neste magnífico hino a Jerusalém, restaurada e idealizada, o Isaias ressalta no início e no fim a luminosidade como a característica mais notável da capital. Jerusalém é vista como a luz que se opõe às trevas, precisamente porque esta luminosidade brota da glória do Senhor, que estabeleceu nela a sua morada. Lendo esta passagem do Profeta Isaías, a Igreja se identifica com Jerusalém repleta do esplendor do Senhor que se manifesta luz das nações. Para ela acorrem todos os povos e oferecem ao Senhor dos seus tesouros, dos mesmos que os magos irão oferecer a Jesus.

Embora o povo israelita tenha reconhecido sempre com gratidão ser o povo eleito, muitas vezes se esqueceu de que esta eleição não era exclusiva. O povo do Senhor foi escolhido, eleito para levar a luz do Senhor às nações. É a Luz do Senhor que unifica os povos na única vocação: ser povo da Aliança, resgatado das trevas da morte e do pecado.

A Igreja se reconhece como sacramento universal de salvação, porque o Senhor permanece sempre nela. Esta vocação universal do povo de Deus, de fato, tem sua primeira realização no Novo Testamento, mediante a abertura do anúncio da Boa Nova aos pagãos. Por outras palavras, na Igreja, Cristo se revela a todos os povos com o nome fora do qual não há salvação.

II. “Agora foi-nos revelado que os pagãos são coerdeiros das promessas” (cf Ef 3,5s)
Caríssimos, São Paulo, o Apóstolo dos gentios, compartilha com os efésios o plano salvífico que o próprio Cristo realizou em sua vida. Ele nos diz que foi o Espírito Santo quem revelou aos apóstolos e profetas o desígnio de Deus de alcançar por meio de Cristo também os povos pagãos. Destarte se tornam com os judeus um único povo, o mesmo corpo, e se tornam coerdeiros das promessas feitas aos patriarcas.

Paulo mostra já em realização a universalização do povo de Deus que era prometida no antigo e cuja eficácia se deve ao único sacrifício redentor de nosso Senhor Jesus Cristo.

III. “Nós vimos a sua estrela no Oriente e para adorar o Rei dos judeus” (cf Mt 2,2)
Só a noite testemunhou com José e Maria o nascimento do nosso Divino Redentor revestido da nossa fragilidade. Os anjos logo entoaram o hino de glória. As criaturas do presépio aconchegaram o Senhor após o nascimento. Depois vieram os pastores iletrados, antecipando o louvor que Jesus adulto fará ao Pai: “Eu te louvo o Pai, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”.

Assim como os pastores – os primeiros convidados para irem até junto do Menino recém-nascido deitado na manjedoura – personificam os pobres de Israel e, em geral, as almas simples que interiormente vivem muito perto de Jesus, assim também os homens vindos do Oriente personificam o mundo dos povos, a Igreja dos gentios: os homens que, ao longo de todos os séculos, se encaminham para o Menino de Belém, n’Ele honram o Filho de Deus e se prostram diante d’Ele. A Igreja chama a esta festa «Epifania» – a manifestação do Divino. Se considerarmos o fato de que desde então homens de todas as proveniências, de todos os continentes, das mais diversas culturas e das diferentes formas de pensamento e de vida se puseram, e estão, a caminho de Cristo, podemos verdadeiramente dizer que esta peregrinação e este encontro com Deus na figura do Menino é uma Epifania da bondade de Deus e do seu amor pelos homens (cf. Tt 3, 4).

Acompanhemos a reflexão oferecida por Bento XVI na Epifania de 2013: “Com base na história narrada por Mateus, podemos certamente fazer uma ideia aproximada do tipo de homens que, seguindo o sinal da estrela, se puseram a caminho para encontrar aquele Rei que teria fundado uma nova espécie de realeza, e não só para Israel, mas para a humanidade inteira. Que tipo de homens seriam então eles?”.

E prosseguia respondendo à pergunta retoricamente dirigida à assembleia litúrgica: “Os homens que então partiram rumo ao desconhecido eram, em definitiva, pessoas de coração inquieto; talvez fossem homens eruditos, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam sobretudo saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Ele Se preocupa conosco e como podemos encontrá-Lo. Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus”.

Os Magos do Oriente, eram certamente homens corajosos e humildes. Eles acolheram o sinal da estrela como uma ordem para partir, sem saber bem para onde. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo especialmente dos que carregavam uma mordaz soberba agnóstica. Eles não deixariam de zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente.

Efetivamente nos ensina o Papa Francisco: “A estrela conduziu-os até ali, diante de um Menino; e eles, nos seus olhos pequenos e inocentes, captam a luz do Criador do universo, a cuja busca dedicaram a sua existência” (Angelus, Epifania 2024). E foram por outro caminho. Já não precisavam de uma estrela, pois tinham achado o sol.

Queridos amigos, se vivermos com Cristo, então também nos tornaremos sábios, Seremos como astros que vão à frente dos homens e lhes indicam-lhes o caminho certo da vida. Seremos adoradores em espírito e verdade.

Por isso, olhemos para ele, admiremos a sua humildade. Contemplar Jesus, estar diante dele, adorá-lo na Eucaristia: não é perder tempo, mas é dar sentido ao tempo. Adorar não é perder tempo, mas dar sentido ao tempo. Isto é importante, repito: adorar não é perder tempo, mas dar sentido ao tempo. É encontrar o rumo da vida na simplicidade de um silêncio que alimenta o coração” (Papa Francisco, Angelus 2024).

Maria Santíssima, que mostrou aos Magos o novo Rei do mundo (cf. Mt 2, 11), agora como Mãe amorosa, nos mostre também a nós, o mesmo senhor Jesus Cristo, para sermos também nós indicadores da estrada que leva a Ele. Amém.

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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