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A Mesa da Palavra – 11º Domingo do Tempo Comum -“Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo” – Ano B

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“Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo”. Caros amigos I. “Somos peregrinos da esperança”. O Santo Padre, ao convocar para 2025 o Ano Santo, nos faz olhar para o Verbo de Deus encarnado no ventre da Virgem Maria como fonte da esperança que nos anima no caminho da vida. Ele escolhe justamente o tema da peregrinação na esperança para inspirar as celebrações jubilares. Caminhamos na esperança.

A liturgia deste 11.º Domingo do Tempo Comum fala-nos precisamente de esperança. Lembra-nos que Deus é o Senhor da História e nos garante que Ele nunca deixará de acompanhar os seus filhos na sua peregrinação pela terra. Ele só tem um objetivo: conduzirnos ao encontro da Vida plena e definitiva, da felicidade sem fim, que consiste em agradar a Deus com o querer e o agir, com as intenções e as obras..

A coleta deste domingo apareceu a primeira vez no Gelasiano e depois foi retomada sem modificações no Gelonense, no Missal tridentino e finalmente com leve retoque no Missal de Paulo VI. Trata-se de uma oração que sempre esteve presente nos sucessivos missais, embora em ocasiões diferentes do ano litúrgico. É uma pérola da tradição litúrgica católica. A Igreja orante, reconhecendo em Deus a fortaleza dos que nele esperam e na fragilidade humana a permanente insuficiência da natureza humana decaída, necessidade do socorro da graça divina, suplica o socorro da graça divina para que tanto as ações como o querer da humana criatura agradem sempre a Deus. Esta oração é a semente da esperança que corrobora os dias do homem na terra, para torná-lo apto para a vida eterna em Deus. O tema da graça de Deus exige o equilíbrio próprio da fé católica. A oração, ao afirmar a necessidade da graça para a salvação, não deixa de lembrar que a graça supõe a natureza e a assume elevando-a. A correspondência ao favor de Deus com as obras da fé que opera pela caridade dá o justo lugar ao agir humano na obra redentora. Com efeito, como diz Bento XVI com clareza, “não obstante exija a nossa colaboração, o Reino de Deus é antes de tudo dom do Senhor, graça que precede o homem e as suas obras” (Angelus, 17-VI-2012).

Nesta oração suplicamos ademais a unidade prática entre o querer e o agir para agradar a Deus com a sinceridade das intenções e com a verdade de nossa vida expressa nas obras da fé que opera pela caridade. A semente do Evangelho já está plantada em nossas vidas, é preciso dar incremento à esperança daqueles que em Deus colocam a sua confiança. Na mesa da Palavra desta liturgia, os dois trechos de Ezequiel e de Marcos estão estreitamente ligados entre si pelas imagens que empregam (do crescimento, da planta e da semente) bem como pelo tema doutrinal: crescimento milagroso do Reino de Deus e sua extensão sem limites. Reflitamos sobre a esperança semeada, que aponta tanto para a vida corrente como para a vida eterna.

II. “E todas as árvores do campo saberão que eu sou o Senhor, que abaixo a árvore alta e elevo a baixa” (Ez 17,24)

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilónia, que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar das vicissitudes, dos desastres e das crises que as voltas da História comportam, Israel deve confiar nesse Deus que é fiel e que nunca desistirá de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim.

A profecia de Ezequiel alude à época do Exílio. Em meio a tantas dificuldades, o Rei Sedecias rompe a Aliança com Deus. O profeta eleva sua voz para lembrar que só no Deus da Aliança é que se pode reerguer uma esperança para o povo de Israel. Por isso ele proclama que Deus permanece presente nos sofrimentos do seu povo, uma presença redentora. Ele continua a ser o salvador de Israel, abrindo caminhos de vida e libertação.

A fala do profeta se enriquece com imagens da cultura agrícola. Deus, à semelhança de u m agricultor, planta um broto, aguarda seu crescimento, floração e frutos. O Deus de Israel é sempre fiel às promessas feitas ao seu povo. Fidelidade que se expressa no socorro que Deus, com sua graça, levanta o seu povo da fraqueza. Mesmo na fragilidade das nossas opções, dos nossos projetos, ou da nossa entrega, Deus continua a nos acompanhar no caminho, como fará mais tarde Jesus com os discípulos de Emaús. O Profeta Ezequiel é mensageiro forte da esperança de Israel. Esperança que tem um nome: Iahweh.

Desta mesma pedagogia que Deus empregou na antiga aliança se serve Jesus para falar com os discípulos. Ele usa imagens da sementeira, bem conhecida de todos, mesmo dos que não eram agricultores. Passemos agora ao Santo Evangelho.

III. “O Reino dos céus é como um homem que lançou a semente à terra” (Mc 4,26).

No Evangelho, Jesus compara o Reino de Deus com uma pequena semente, de aparência insignificante, mas capaz de mudar a paisagem do mundo. Ela cresce sem se fazer notada, sem dar nas vistas, sem publicidade, mas tem em si o dinamismo de Deus, um dinamismo capaz de fazer nascer um mundo novo. Esse Reino que Jesus, por mandato do Pai nos veio propor, é um presente de Deus para os seus filhos. A mesa da Palavra da hodierna liturgia propõe à nossa atenção duas breves parábolas de Jesus: a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda (cf. Mc 4, 26–34). Através de imagens tiradas do mundo da agricultura, o Senhor apresenta o mistério da Palavra e do Reino de Deus, indicando as razões da nossa esperança e do nosso compromisso com o evangelho no arco da vida presente. Acompanhemos a sugestiva explicação destas parábolas que Bento XVI nos legou no Angelus de 17 de junho de 2012.

“Na primeira parábola, presta-se atenção ao dinamismo da sementeira: quer o camponês durma, quer esteja acordado, a semente que é lançada na terra germina e cresce sozinha. O homem semeia com a confiança de que o seu trabalho não será infecundo. O que sustém o agricultor na sua labuta quotidiana é precisamente a confiança na força da semente e na bondade do terreno. Esta parábola evoca o mistério da criação e da redenção, da obra fecunda de Deus na história. Ele é o Senhor do Reino, o homem é o seu colaborador humilde, que contempla e rejubila com a obra criadora divina e dela espera pacientemente os frutos. A narração final faz-nos pensar na intervenção conclusiva de Deus no fim dos tempos, quando Ele realizará plenamente o seu Reino. O tempo presente é época de sementeira, e o crescimento da semente é garantida pelo Senhor. Então, cada cristão sabe bem que deve fazer tudo aquilo que pode, mas que o resultado final depende de Deus: esta consciência ampara-o no cansaço de cada dia, de maneira especial nas situações mais difíceis. A este propósito, Santo Inácio de Loyola escreve: «Age como se tudo dependesse de ti, mas consciente de que na realidade tudo depende de Deus» (cf. Pedro de Ribadeneira, Vita di S. Ignazio di Loyola, Milano, 1998)”.

“Também a segunda parábola utiliza a imagem da sementeira. Aqui, no entanto, tratase de uma semente específica, o grão de mostarda, considerada a menor de todas as sementes. Porém, embora seja tão pequenina, ela está cheia de vida, e do seu partir-se nasce um rebento capaz de romper o terreno, de sair à luz do sol e de crescer até se tornar «maior que todas as hortaliças» (cf. Mc 4, 32): a debilidade é a força da semente, o romper-se é o seu poder. E assim é o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena, formada por quantos são pobres no coração, por quem não confia na própria força, mas na força do amor de Deus, pelos que não são importantes aos olhos do mundo; e no entanto, é precisamente através deles que irrompe a força de Cristo e transforma aquilo que é aparentemente insignificante.”

“A imagem da semente é particularmente querida a Jesus, porque expressa bem o mistério do Reino de Deus. Nas duas parábolas de hoje, ele representa um «crescimento» e um «contraste»: o crescimento que se verifica graças a um dinamismo ínsito na própria semente e o contraste que existe entre a pequenez da semente e a grandeza daquilo que ela produz. A mensagem é clara: não obstante exija a nossa colaboração, o Reino de Deus é antes de tudo dom do Senhor, graça que precede o homem e as suas obras. A nossa pequena força, aparentemente impotente diante dos problemas do mundo, se for introduzida na força de Deus, não teme obstáculos porque a vitória do Senhor é certa. É o milagre do amor de Deus que faz germinar e crescer cada semente de bem espalhada na terra. E a experiência deste milagre de amor levanos a ser otimistas, apesar das dificuldades, dos sofrimentos e do mal que nós encontramos. A semente germina e cresce, porque é o amor de Deus que a faz crescer.

IV. “Somos peregrinos longe do Senhor, pois caminhamos na fé e não na visão clara” (2Cor 5,6-7).

A segunda leitura recorda-nos que a vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade, deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da Vida definitiva. O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus (de que fala o Evangelho de hoje), embora já presente na nossa atual caminhada pela História, só atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada.

Animados pela esperança, abraçamos também a “irmã morte” – como a chamava São Francisco – não como fim inexorável, mas como esperança da passagem para a vida definitiva. Procurando ser fiéis aos mandamentos do Senhor com o imprescindível auxílio da graça de Deus, tornamo-nos capazes de agradar a Deus nas intenções e nas obras. Assim chegaremos ao céu, cujas portas o Senhor voltou a abrir para nós com a chave da sua Cruz.

Nesta celebração somos chamados e impelidos pelo grande amor do Senhor por nós a caminhar de esperança em esperança, como sugeria o moto episcopal do saudoso arcebispo de São Paulo, Cardeal Arns: ex spe in spem.

Caros amigos, neste itinerário de esperança, não estamos sós. Não nos esqueçamos da onipotência suplicante que ora por nós na presença do Altíssimo. A Virgem Maria, que acolheu como «terra boa» a semente da Palavra divina, fortaleça em nós esta fé e esta esperança.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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