Consola-nos ver com que misericórdia Jesus convoca seus discípulos. Num instante, o improvável apóstolo está sentado como um cobrador de impostos, instrumento daqueles que tiranizavam o povo de Israel, mas, ao ouvir a voz do Filho de Deus, Mateus se levanta como um seguidor que viria a ser grande amigo do Senhor. Que alegria podermos ter a certeza de que o chamado de Deus não advém dos nossos méritos pessoais, não depende de nossas façanhas e nem do nosso heroísmo. Aquele som que ressoa e se espalha em toda a terra (Sl 18) é a palavra de um Deus que quer retirar todos os homens da infidelidade, mediante uma experiência profunda com o verdadeiro Amor. Foi o amor que alcançou Mateus enquanto ele trabalhava, foi o amor que adentrou em sua casa e sentou-se à mesa junto dos seus amigos pecadores, porque é isso que o amor faz: o amor nos encontra e nos resgata.
Celebrar São Mateus é poder, uma vez mais, ouvir o “segue-me” do Senhor, que nos foi dirigido desde o batismo e, ainda hoje, exige de nós uma resposta. O consolo, porém, que advém de sabermos que Deus, chama ao seguimento mesmo os pecadores não deve nos anestesiar e nos prender nas situações de pecado, mas nos impulsionar a uma vida de santidade de acordo com a nossa vocação. Quando São Paulo exorta os efésios a serem fieis a vocação que receberam (Ef 4,1-7.11-13), é sobre a vocação batismal que ele fala, mas, também, sobre a vocação específica de cada um; sobre o papel de cada um de nós na Igreja. Tal como aconteceu com Mateus, o importante não é a vida antes de conhecermos a Jesus, porque este, depois de tocar-nos com sua misericórdia, nos oferece a chance de darmos frutos abundantes seja qual for nossa vocação, desde que permaneçamos fieis a Ele.
Portanto, levantemos, hoje mesmo, em busca do Senhor que chama, a fim de que, uma vez resgatados por esse amor, sejamos capazes amá-Lo de volta. Nisso consiste a verdadeira alegria: seguir a Cristo numa vida de luta pela santidade, onde nossos defeitos não sejam obstáculos, mas ocasião de dependermos ainda mais da graça de Deus, porque sabemos que Ele não veio para os perfeitos, mas para nós, os doentes que precisam do cuidado Dele (Mt 9,12).
Pastoral Vocacional – Diocese de Itumbiara
