A Procissão de Nossa Senhora das Graças, realizada há 59 anos, aconteceu neste domingo (19) em Itumbiara. Iniciada em 1960, os principais momentos da festa são a novena a Nossa Senhora das Graças que acontece todos os dias e a procissão fluvial com a missa de encerramento no último dia da festa. A data da procissão fluvial sempre coincide com a festa litúrgica da Assunção de Maria que, no Brasil, é transferida para o domingo seguinte ao dia 15 de agosto. Além da parte religiosa, há igualmente a parte social da festa com barraquinha de comidas típicas e leilão de prendas doadas pela comunidade.
De acordo com o pároco, padre Luis Fernando Alves Ferreira, o que povo mais consome na festa são os produtos de milho: pamonha e chica doida. Depois outro produto típico de Itumbiara, o caribó. Para que tudo aconteça a contento, mais de 300 voluntários se revezam dia e noite na preparação da novena e das comidas.
Durante a semana aconteceu a novena todos os dias, a parte social da festa com a barraquinha e shows com artistas locais nos finais de semana.
Histórico da romaria fluvial
Este histórico foi relatado pelo Monsenhor Nelson Raphael Fleury
Não conheço os primórdios históricos da Igreja e da Paróquia Nossa Senhora das Graças . Quando morei em Itumbiara, ante os anos de 1959 e 1961 havia uma rústica capela, na saída para Minas, às margens do Paranaíba. Tive a oportunidade de rezar missa nessa capela que era cuidada pela dona Maria, esposa do Sr. Floriano de Carvalho, na ocasião, prefeito da cidade.
Sobre a origem da procissão fluvial: Em 1958, o velho Pároco de Itumbiara, Pe. Florentino Bermejo, entregou ao senhor Arcebispo de Goiânia o pedido de demissão das atividades pastorais como pároco de Santa Rita do Paranaíba. Em 1959, o sr. Arcebispo Dom Fernando Gomes dos Santos nomeou o Pe. José de Souza Lima pároco de Itumbiara.
Monsenhor Lima foi ordenado padre em 1950. Antes de vir para Itumbiara, tinha sido vigário em Orizona e em Palmeiras, cidades do Estado de Goiás. Exerceu profícuo ministério na cidade e no extenso município de Itumbiara. Depois de ter preparado toda a infra-estrutura para a criação da Diocese local e depois da posse do 1º Bispo Dom José Versiani Veloso, voltou à Goiânia, sua diocese de origem. Atualmente, com 85 anos, mons. Lima ainda está na ativa, atendendo aos habitantes do Parque Estrela D’alva, na periferia da cidade de Luziânia.
No 2º ano de sua gestão, em 1960, a criatividade apostólica do Mons. Lima voltou-se para o Rio Paranaíba que banha a cidade. Por que não aproveitar o que a cidade tem de mais bonito, o Rio, e transformá-lo num instrumento de evangelização e de louvor ao Criador?
Aproveitou o ensejo da festa de Nossa Senhora das Graças e realizou a 1ª procissão fluvial, no Paranaíba. Debaixo da devoção de Nossa Senhora das Graças, toda a comunidade era chamada a louvar a Criador pelo insigne dom da água, fonte de toda vida.
Como foi a 1ª procissão fluvial da festa de Nossa Senhora das Graças, o sr. Jardim, gerente do Banco do Brasil, tinha uma lancha muito bonita. As senhoras da comunidade armaram um belíssimo altar nesta lancha. A Imagem de Nossa Senhora veio trazida em procissão da capela até as margens do rio e foi colocada no altar da lancha. A 1ª procissão contou com a lancha-andor, com uma embarcação onde ficaram os músicos da banda, outra embarcação com os encarregados dos foguetes e também contou com mais embarcações de pescadores.
Ao chegar ao cais, na virada do rio, uma grande multidão esperava o pequeno comboio. A pequena imagem da Virgem era estimulada pela eloqüência com vivas e lenços brancos.
Da lancha, a imagem passou para um andor preparado numa caminhonete e, numa bonita carreata voltou à sua capela.
Quem presidiu esta 1ª procissão conduzindo a Imagem desde a saída até a volta para a capela foi o Pe. Nelson Rafael Fleury.
Como cooperador, ajudava o Mons. Lima no atendimento da paróquia, por isso o Mons. Lima confiou-lhe esta histórica tarefa de presidir aquela despretensiosa manifestação de fé. Uma simples procissão aquática, que cresceu e hoje se tornou referencia turística do Estado de Goiás.
Que tudo seja para maior glória de Deus!
Monsenhor Nelson Rafael Fleury