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A Oração no tempo quaresmal: “Faz-nos descer ao mais profundo de nós mesmos e nos eleva ao coração de Deus”

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O padre Joaquim Cavalcante, da Paróquia São Sebastião, em Goiatuba, concedeu entrevista ao Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia, sobre o tema Oração e Tempo Quaresmal. O conteúdo foi publicado na edição 353, do dia 21 de fevereiro. Confira!

 

“A oração deve suscitar no orante o irresistível desejo de amar e servir”

Até o próximo dia 3 de abril, a Igreja vive a Quaresma, tempo forte de preparação para a Páscoa do Senhor. O Jornal Encontro Semanal traz, nesta edição, a segunda matéria da série especial sobre esse tempo favorável à conversão. Desta vez, apresentamos o tema Oração e sua relação com a Quaresma. A Oração que é um dos pilares penitenciais para se viver esse tempo, conforme vimos na edição passada. O entrevistado da semana é o padre Joaquim Cavalcante, doutor em teologia e professor do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás (Ifiteg).

A Quaresma é uma escola de oração e um itinerário de conversão, segundo padre Joaquim. Ele afirmou isso após explicar que esse tempo forte sempre foi compreendido pelos primeiros cristãos até nossos dias como um período de preparação para a Páscoa e, para os catecúmenos, ou seja, para aqueles que desejam ser batizados, é um tempo de preparação para receber o Santo Batismo na solene Vigília Pascal. “Essas duas razões estabelecem uma relação fortíssima entre a oração e o tempo quaresmal”, declarou.

A Oração como um dos pilares da Quaresma precisa ser compreendida e vivida pelos cristãos nesse tempo forte. Ao rezar, conforme padre Joaquim, contemplamos o rosto de Deus no mistério pascal de Jesus que, por nós, sofreu os tormentos da paixão, foi crucificado, morreu e ressuscitou. O silêncio também precisa ser compreendido e vivido neste tempo, segundo ele. “A Quaresma pede silêncio e o silêncio pede contemplação. A Quaresma evoca a cruz e pede silêncio para que possamos ouvir o grito de Jesus que diz: ‘meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?’ Esse grito, também, é nossa oração. A oração é um grito existencial que o ser humano desfere na direção do coração de Deus. É o grito da humanidade combalida, nesse tempo de penúria e pandemia”, disse. Padre Joaquim comentou também que a oração fortalece o orante. “A relação da oração com o tempo quaresmal é intensa e enche de sentido e esperança pascal a vida de quem reza. A oração fortalece nossa relação com o Senhor e nos ensina a escolher Deus e o seu reino como nosso único tesouro e o bem maior da nossa vida”.

“O efeito da oração é identificar o agir do cristão com o agir de Cristo”

Orações para a Quaresma
É Quaresma. Teve início esse tempo com a Quarta-feira de Cinzas e a primeira liturgia quaresmal, segundo padre Joaquim, inicia-se com o grito de Deus, pela boca do profeta Joel, que convida o seu povo a voltar-se para ele. A imposição das cinzas sobre as cabeças das pessoas é o rito simbólico que é acompanhado das palavras: “lembra que tu és pó e ao pó hás de voltar”. O rito e as palavras nos lembram que somos frágeis, que somos pó, mas o entrevistado ressaltou citando o papa emérito Bento XVI, que não somos qualquer pó, mas que nós temos um diferencial que nos dignifica diante de Deus. “Somos pó, sim, mas um pó plasmado e amado por Deus” (homilia da Quarta-feira de Cinzas de 17 de fevereiro de 2010). Diante disso, padre Joaquim destacou que a Palavra de Deus e as orações litúrgicas constituem a fonte primária da oração cristã. “Ora, a partir disso, penso que devemos rezar com muita simplicidade colocando-nos na presença de Deus com absoluta confiança e entrega total a ele. Santo Inácio nos ensina que devemos nos colocar na presença do Senhor tal como somos, mas com absoluta confiança nele. Direi que há muitas formas de rezar a Quaresma e de rezar durante o itinerário quaresmal”. Em seguida ele sugeriu algumas orações para a Quaresma. “Neste prisma de orações especiais, penso por exemplo, na Lectio Divina, que é a leitura orante da Palavra de Deus. Penso na beleza da Via-Sacra, na riqueza da recitação dos mistérios dolorosos do Santo Rosário. Como não pensar na beleza dos Cantos da Quaresma e da Semana Santa, como não meditar as Homilias dos Santos Padres, nossos pais na fé?”. Por fim, o padre explicou que o sentido da oração é o de, também, nos despertar para a caridade. Por isso, devemos rezar sempre, pedindo a Deus “a graça da conversão que nos humaniza, porque sem se humanizar, torna-se muito difícil se divinizar”. “Dai-nos olhos para ver as necessidades dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos; fazei que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento nos empenhemos lealmente no serviço a eles” (Oração Eucarística, VI-D). “O efeito da oração é identificar o agir do cristão com o agir de Cristo”, destacou.

Questionado sobre como podemos iluminar os momentos de oração no tempo quaresmal, padre Joaquim voltou a reafirmar a importância do silêncio e da centralidade de Cristo. “Toda oração cristã é trinitária, porque é dirigida ao Pai, por Cristo, no Espírito. Cristo é o mediador e regente de toda a oração do cristão e da Igreja. Não somos nós, é Cristo que, com o dilúvio do seu Espírito, ilumina nossos momentos de oração. Mais uma vez, vejo a necessidade do silêncio como ponto de partida para rezar bem. Na celebração da ordenação presbiteral, no momento da imposição das mãos, o rito pede para não cantar, mas para silenciar os instrumentos. Por quê? Porque naquele momento só o Espírito fala. O silêncio é a voz do Espírito. Nossos momentos de oração deviam ser sempre mais iluminados no silêncio, pois ele é mais que ausência de sons e ruídos, é a manifestação de uma presença ativa e operante e, segundo o Cardeal Sarah, ‘o silêncio é a mais intensa de todas as presenças’”.

Padre Joaquim concluiu suas considerações sobre Oração e Quaresma e ressaltou a oração como elemento essencial e indispensável, condição primária para uma boa vivência do tempo quaresmal, no sentido de nos aproximar ou reaproximar de Deus. “A oração, nesse tempo de penitência favorável à conversão, desvela não somente nossa fraqueza, mas coloca, também, em evidência nossas potencialidades. Somos fracos sim, mas não somos prisioneiros da fragilidade. Rezar é transcender e transcender é superar, com a graça de Deus, todos os limites e arestas que ofuscam o rosto de Deus Pai e Criador em cada um de nós. Que o espírito da Quaresma nos ajude a rezar mais, para sermos melhores na vivência do amor. Que Deus, uno e trino, nos abençoe e tenhamos todos um santo itinerário quaresmal”.

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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