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Francisco no Angelus: cultivar os campos da vida sem julgar aquele do vizinho

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O Papa Francisco, após presidir a missa especial na Basílica de São Pedro pelo III Dia Internacional dos Avós e dos Idosos, quando refletiu em homilia sobre as três histórias simples propostas no Evangelho deste domingo (23), voltou a recordar a parábola do trigo e do joio (cf. Mt 13,24-43) da janela do Palácio Apostólico. Antes da oração mariana do Angelus, o Pontífice aprofundou os diferentes “campos” que encontramos no nosso dia a dia, a começar por aquele do nosso mundo, onde Deus semeia tanto o trigo como o joio, “e por isso o bem e o mal crescem juntos”:

“Vemos isso nos noticiários, na sociedade e também na família e na Igreja. E quando junto com o trigo bom vemos as ervas ruins, temos vontade de arrancá-las imediatamente para fazer uma ‘limpeza’. Mas o Senhor hoje nos adverte que é uma tentação: não se pode criar um mundo perfeito e não se pode fazer o bem destruindo apressadamente o que está errado, porque isso tem efeitos piores: acabamos – como se diz – ‘jogando fora o bebê junto com a água do banho’.”

Há, no entanto, alertou o Papa, um segundo campo em que podemos e devemos fazer a limpeza: é o campo do coração, “o único sobre o qual podemos intervir diretamente”. Ali também tem trigo e joio, disse Francisco, e é de onde se espalham pelo grande campo do mundo:

“Para cultivá-lo (o campo do coração) adequadamente é preciso, por um lado, cuidar constantemente dos delicados brotos do bem e, por outro, identificar e erradicar as ervas daninhas no momento certo. Portanto, vamos olhar para dentro de nós e examinar um pouco o que está acontecendo, o que está crescendo em mim de bom e de mau. Há um belo método para fazer isso: aquilo que se chama exame de consciência, que é ver o que está acontecendo hoje na minha vida, o que atingiu o meu coração e quais as decisões que tomei. E isso serve justamente para verificar, à luz de Deus, onde estão as ervas daninhas e onde está a semente boa.”

Mas Francisco ainda propôs a reflexão sobre o campo do vizinho, “das pessoas com as quais nos relacionamos todos os dias e que frequentemente julgamos”, já que acaba sendo mais fácil reconhecer o joio delas do que o trigo que cresce. O Papa, finalizou a sua reflexão, então, lembrando que devemos “cultivar os campos da vida” buscando a obra de Deus:

“Peçamos a graça de saber vê-lo em nós mesmos, mas também nos outros, começando por aqueles que estão próximos. Não se trata de um olhar ingênuo, mas de um olhar crente, porque Deus, agricultor do grande campo do mundo, ama ver o bem e fazê-lo crescer a ponto de fazer da colheita uma festa! Portanto, ainda hoje podemos nos fazer algumas perguntas. Pensando no campo do mundo: consigo vencer a tentação de ‘fazer de cada erva um feixe’, de limpar o campo dos outros com os meus julgamentos? Depois, pensando no campo do coração: sou honesto ao procurar em mim as plantas ruins e decidido em jogá-las no fogo da misericórdia de Deus? E pensando no campo do vizinho: tenho a sabedoria de ver o que é bom sem me desanimar com as limitações e a lentidão dos outros?”

“Que a Virgem Maria nos ajude a cultivar com paciência o que o Senhor semeia no campo da vida: no meu campo, naquele do vizinho, no campo de todos.”

Andressa Collet - Vatican News

Fonte: Santa Sé

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