Nesta quarta-feira, 6 de março, aconteceu o terceiro e último dia do Congresso Internacional de Pastoral Urbana, no Teatro 40 da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (RS). A manhã contou com reflexões sobre sinodalidade e cultura urbana.
O padre Carlos María Galli, presbítero da arquidiocese de Buenos Aires, membro do Conselho Episcopal Latino-Americano e membro da Comissão Teológica Internacional apresentou o tema “por uma Igreja toda sinodal no contexto urbano”. O conferencista recordou alguns marcos da reflexão sobre a pastoral no contexto urbano no Brasil e na América Latina, entre eles, destacou que aconteceu no Brasil, em 1965, a primeira reunião da pastoral urbana da América Latina, imagem da Igreja no sul global do mundo.
Refletiu também que as últimas conferências episcopais latino-americanas se ocuparam dos seguintes temas: desafio da urbanização, inculturação do evangelho na cultura urbana, nova pastoral na cultura urbana. Estas pontuações aclimataram o núcleo central da reflexão que se ocupou da Igreja sinodal missionária na cultura urbana global.
Segundo o padre Carlos Galli, atualmente, “a casa, a cidade e o mundo se interpenetram em fenômenos cruzados de globalização”.
“A casa é o lugar da nutrição, âmbito de intimidade e comunicação, cultivo das tradições familiares e sociais, limites do privado e público. Partindo deste ambiente antropológico, somos convidados à experiência da cidadania integral, matizando-a com vivências de sinodalidade. Na cidade, somos convidados a fazer uma experiência itinerante e urbana, a exemplo da experiência do apóstolo Paulo no mundo pluricultural, judeu e greco-romano”.
Sob este prisma, o conferencista convidou todos ao discernimento da presença de Cristo na vida dos homens, presentes no contexto das nossas cidades, marcadas por conturbações, aglomerados, periferias. Para tanto, ofereceu duas indicações cristológicas: as imagens do Cristo servo sofredor paciente e do Cristo médico samaritano; para o discernimento da presença de Deus na complexidade do mundo urbano, que reclama administrar com paciência e sabedoria as injustiças sociais e ajudar os que sofrem nas mais diversas circunstâncias.
“Caminhar juntos numa pastoral urbana que reconheça e fomente uma presença de Cristo entre os seres humanos, numa dinâmica de sínodo e de sinodalidade, de assembleia e de caminhada conjunta, na mesma dinâmica da vida humana que é composta de movimento e pausa, trabalho e descanso, oração e encontro”, concluiu.
O segundo conferencista, o professor Francisco de Aquino, da Universidade Católica de Pernambuco e da Faculdade Católica de Fortaleza, refletiu sobre “Perspectivas teológicas e pastorais para a edificação de comunidades sinodais no contexto urbano”. Ele iniciou a sua reflexão destacando as indigências do contexto urbano: pobrezas, tragédias ambientais, violências, femicídios, drama da solidão, desigualdades sociais e econômicas, população em situações de rua, drogadição, que atualmente tem marcado de modo negativo a vida das cidades. “O lugar da multidão se torna o lugar de solidão, lugar das possibilidades se torna lugar de exclusão”, asseverou o conferencista.
Na sequência, registrou que a cultura urbana surge a partir de uma forma concreta de habitar e fazer uso do espaço urbano, e que este horizonte de entendimento é fundamental para o debate sobre o tema proposto.
Na segunda parte da sua locução, refletiu sobre a Igreja como lugar de vivência da fraternidade, instrumento indispensável para a transformação do mundo. Recordou o objetivo geral das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), e disse que as pequenas comunidades oferecem ambiente humano de proximidade e confiança, cultivo de carismas e ministérios, lugar de vivência da fé e forma de presença da Igreja na sociedade.
Refletiu sobre a comunidade com dinamismo sinodal como forma de contribuir qualitativamente na resolução dos problemas do mundo urbano. Diluída no contexto de referências herdadas da cristandade e ameaçada no contexto de pós-modernidade, empenha-se para lidar com a crise do comunitário e exacerbação do individualismo.
A renovação da autocompreensão da comunidade com atuação sinodal possui capacidades de transformar os desafios do mundo urbano. “Sem senso de pertença, espírito de comunidade e comunhão não existe caminhada conjunta, correndo o risco de não ultrapassar pias intenções”, concluiu fazendo referência ao Papa Francisco.
As reflexões do terceiro e último dia do Congresso Internacional de Pastoral Urbana apontaram caminhos para vivência da sinodalidade e suas contribuições para mundo urbano, com suas potencialidades e peculiaridades. Por fim, os organizadores do evento anunciaram também que a próxima edição Congresso Internacional de Pastoral Urbana acontecerá de 12 a 14 de maio de 2026, na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), na cidade de Recife (PE). O Congresso foi encerrado com missa presidida pelo cardeal Tolentino Mendonça.
Com informações e fotos do padre Danilo Pinto
Fonte: CNBB