Os assessores das Comissões Episcopais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se reuniram de forma remota nesta terça-feira, 24 de outubro, para uma formação especial sobre a metodologia da conversação espiritual. A iniciativa contou com a presença de padre jesuíta Óscar Martín, religioso que participou ativamente da formação dos participantes da primeira fase do Sínodo sobre a Sinodalidade na América Latina.
O tema central da formação foi “Conversação Espiritual, Discernimento e Sinodalidade”. Padre Óscar Martín, que também faz parte da Equipe de Animação para o Sínodo da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), compartilhou conhecimentos sobre o poder da conversação espiritual na vida da Igreja.
Padre Jânison de Sá, subsecretário pastoral da CNBB, um dos organizadores da formação salientou que a conversação espiritual é “um instrumento importante para ajudar no discernimento comunitário numa Igreja sinodal atenta em escutar sempre mais os apelos do Espírito Santo”.
Segundo o Instrumentum Laboris, ferramenta de trabalho dos participantes do Sínodo sobre a Sinodalidade, a conversação espiritual é descrita como “uma oração compartilhada” que desempenhou um papel fundamental na primeira fase continental do Sínodo. Nessa prática, o diálogo no Espírito é visto como uma oração compartilhada, preparada por meio de reflexão e meditação pessoal, visando ao discernimento comunitário.
Conversação a serviço da comunhão e da missão da Igreja
Essa metodologia tem se mostrado eficaz para facilitar a participação de todos a serviço da comunhão e da missão da Igreja. Além disso, abre canais de comunicação e discernimento dentro da Igreja e promove a inclusão de diversas vozes internas e externas.
A conversação espiritual, conforme o Instrumentum Laboris, pode contribuir para uma maior abertura ao Espírito Santo, considerado o verdadeiro protagonista em todos os níveis da Igreja, envolvendo tanto os batizados quanto os ministros ordenados. No entanto, a flexibilidade deve ser considerada uma palavra-chave ao utilizar essa metodologia, adaptando-a às diversas culturas, circunstâncias e necessidades de cada tempo e local.
Enquanto o diálogo é um processo importante de confrontação, a conversação, de acordo com padre Óscar Martín, é diferente. Ela implica reunir-se, agregar e cooperar, criando uma comunidade enriquecida pelo diálogo. Na conversação, não há vencedores nem perdedores, apenas a alegria de todos estarem envolvidos, gerando amizades e uma comunidade dialogante onde novos horizontes são explorados, e novas funções, dons e virtudes são descobertos.
A conversação espiritual, ainda de acordo com padre Óscar Martín, se torna um instrumento altamente eficaz para fortalecer a Igreja em sua missão comum de servir a humanidade. Ela enriquece a espiritualidade da caminhada em conjunto, enfatizando a importância da escuta e do discernimento espiritual.
Para cultivar uma conversação espiritual eficaz, padre Óscar Martín ressaltou atitudes essenciais, incluindo a escuta ativa, empática e desprovida de julgamento. Ele enfatizou a importância de, ao exercer a conversão espiritual, não preparar respostas antecipadas, evitando abordagens ideológicas e mantendo uma escuta vulnerável e aberta ao intercâmbio de ideias e opiniões.
A formação também incentivou a partilha de experiências pessoais na oração e uma abertura à vontade do Espírito Santo. Padre Óscar Martín destacou que a conversação espiritual requer uma disposição interior para compartilhar em prol do bem comum e para renunciar às próprias vontades.
“A formação do padre Óscar Martín certamente inspirou os participantes e a toda a Igreja a adotar a conversação espiritual como uma ferramenta valiosa nas ações de evangelização”, salientou o padre Tiago Sibula, assessor da Comissão para a Comunicação da CNBB e participante da formação.
Vídeo sobre a metodologia da conversação espiritual
No vídeo abaixo o padre Óscar Martín explica a metodologia da conversação espiritual, um instrumento para o discernimento comunitário, baseado na escuta ativa e receptiva com foco na partilha do que toca mais profundamente os participantes.
Assista:
Fonte: CNBB