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A Mesa da Palavra – Ordenação diaconal de Vinícius Gustavo Nascimento Oliveira

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A MESA DA PALAVRA
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
Ordenação diaconal de
VINÍCIUS GUSTAVO NASCIMENTO OLIVEIRA
3 de fevereiro de 2024

Reverendíssimo Sr. Pároco desta Paróquia São Pedro e São Paulo,  Padre Cláudio
Prezados irmãos no sacerdócio,
Caríssimos diáconos,
Estimados familiares de Vinícius Gustavo
Irmãos e irmãs em Cristo, Servo obediente do Pai.
Dileto Filho Vinícius Gustavo,

Dom e mistério é a vocação e o acesso ao sagrado ministério, em qualquer grau. Ninguém se apropria dele por sua iniciativa.

No Evangelho segundo Marcos, que Igreja este ano coloca na Mesa da Palavra dominical, o chamamento e o envio dos discípulos aparecem de modo bem claro: um e outro são um precioso dom do bom Deus. Primeiro Jesus chamou os Doze. No Batismo, Ele nos abre os ouvidos com o éfata e nos torna capazes de ouvir a Sua Palavra, o seu chamamento. Chama para estar com Ele, aprender dele como viver fazendo o bem por palavras e obras.
Em seguida envia os Doze dois a dois. A vocação se dá no seio de uma comunidade e a missão é testemunho credível quando estamos em comunhão, dois a dois. Qualquer isolamento ou divisão tira a credibilidade do anúncio.

Ademais, aos enviados Jesus confere a autoridade (ἐξουσία)  sobre espíritos impuros. Esta autoridade vem da substância. Não se trata de δύναμη ou força que impele, mas de capacidade persuasiva. Estão aptos não apenas expulsar demônios mediante exorcismos, mas também a libertar do influxo diabólico mediante o convite à conversão e o poder de perdoar os pecados confiado à Igreja. Este poder é exercido em primeiro lugar mediante o sacramento do Batismo. Além disso, Jesus ama seus discípulos com amor exigente. Ordena-lhes que não levem senão a túnica e um cajado. Nenhuma dependência de meios meramente humanos, “tudo posso naquele que me dá forças”, ensina Paulo.

Sim. O Senhor cura nossos ouvidos moucos, chama para estar com Ele. Nós ouvimos o chamamento e temos o poder de dizer sim ou não ao Senhor. Se lhe consentimos, Ele nos envia com os poderes que Ele mesmo tem para anunciar a conversão, para exercer a Sua missão confiada à Igreja. Então saímos, chamamos à conversão, expulsamos demônios, curamos doentes e comunicamos a unção do Espirito Santo. Eis a missão da Igreja, eis a missão de todos os ministros sagrados. Ele é quem escolhe, Ele é quem envia. Ele é quem confere a autoridade para passarmos a vida fazendo o bem.

Neste ano que o Papa Francisco quis dedicar à oração, nossa diocese, cada um de nós vai acorrer aos céus suplicando o dom de muitas vocações, especialmente ao sagrado ministério.

Ouçamos a Palavra de Deus que nos foi comunicada hoje, aqui.

I. “Faze aproximar-se a tribo de Levi e apresenta-a ao sacerdote Aarão para o serviço litúrgico” (Nm. 3,5)

Esta Igreja paroquial é hoje o espaço sagrado em que nosso Senhor Jesus Cristo, olhando com amor para a sua esposa, a Santa Igreja, a enriquece com um novo ministro do altar. Como sempre fez ao longo da história, o Senhor dos exércitos continua a cuidar com amor de seu povo. Cuida das necessidades dos seus eleitos nos caminhos da libertação, leva-os renovados para a Terra da Promissão, dá-lhes o sustento espiritual através de homens escolhidos para isso. Para cumprir este desígnio de amor, o Senhor chama, separa e consagra aqueles que escolhe, e lhes concede “solicitude em sua tarefa, mansidão no trabalho e constância na oração”.

Assim vemos na primeira leitura, do livro dos Números (Nm 3,5-9), que o Senhor Deus dedica a tribo de Levi ao serviço do altar, ordenando a Moisés que os apresente a Aarão. Desse modo “os levitas se encarregarão de tudo o que diz respeito a Aarão e a toda a comunidade, diante da Tenda da Reunião, no serviço da morada de Deus”. No sacerdote Aarão o cristão entrevê a figura vindoura do Sumo e Eterno sacerdote da Nova e Eterna Aliança, a quem o Diácono é chamado a configurar-se e a servir como amigo. “Já não vos chamo servos, mas amigos”, diz o Senhor. Serviço dedicado, amoroso, de verdadeiro adorador em espírito e verdade. É chamado sobretudo a cuidar dos membros mais sofridos e pobres do Corpo de Cristo, como os primeiros diáconos foram chamados para cuidar das viúvas dos cristãos gregos (II Leitura).

Correspondendo ao chamamento do Senhor, o diácono se dedicará com total dom de si a servir a comunidade, a servir ao corpo do Senhor presente na história, à comunidade concreta em que se manifesta a Igreja de Cristo. Cuidará com zelo incansável da “Tenda do Encontro, exercendo o serviço da Morada de Deus” (Nm 3,8). Lá ele tomará parte na celebração dos sagrados mistérios tocará com as próprias mãos os sinais eficazes em que Deus dispensa a sua graça redentora. Lá na Morada de Deus ele se encontrará como um filho entre filhos, empenhado em louvar e bendizer o Nome que está acima de todo nome. Lá na Tenda do Encontro, onde sempre a ouviu, ele proclamará a Boa Nova e suplicará para a comunidade reunida as luzes necessárias para servir a Deus com alegria tanto no culto divino como nas lides da vida corrente.

Por isso, os levitas da Nova Aliança são exortados a viver santamente a vocação à qual foram chamados, com humildade e mansidão, suportando uns aos outros com amor (Ef 4,1-7.11-13).

Caro Vinícius Gustavo, aprouve ao Senhor assim chamar-te, separar-te e – nesse tempo que se chama hoje – enviar-te à Igreja, à nossa querida Igreja de Itumbiara, para servi-la com fidelidade e entrega total. Hoje a Igreja te consagra para que, ao lado dos sacerdotes da nova Aliança, sejas amigo e servidor do Senhor em dois inseparáveis altares igualmente sagrados: a ara eucarística e o altar de Cristo onde se encontrar pobre e sofredor. Nesses dois altares incindíveis, Jesus sempre estará à tua espera: à espera da tua gratidão em cada Eucaristia, à espera da tua entrega compassiva em cada obra de misericórdia espiritual ou corporal. A diaconia é serviço, é amor, é entrega, é viver como Jesus viveu, é percorrer o caminho da unidade pedida por Cristo. Este modo de ser servidor, diácono, deverá dar forma e cor ao teu futuro ministério sacerdotal, sempre. Serás diácono para sempre.

II. “Eles foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles” (At 6,6).

Ao receberes a unção do Espírito Santo mediante a imposição de minhas mãos e a oração consecratória, caríssimo Vinícius Gustavo, ficas separado para o serviço do altar, para a diaconia da palavra e da caridade. Como ministro do altar, terás por tua função proclamar com vigor o Santo Evangelho, preparar o Santo Sacrifício da Divina Liturgia Eucarística e distribuir aos fiéis o Corpo e o Sangue do Senhor. São sublimes estas atribuições do serviço diaconal. Em comunhão e na obediência ao mandato do Bispo, o diácono “poderá exortar e instruir na sagrada doutrina, não só os não crentes, mas também os fieis; poderá ainda presidir as orações, administrar o Batismo, assistir e abençoar os Matrimônios, levar o Viático aos agonizantes e oficiar as Exéquias” (Pontifical Romano, nº 199).

Vinícius, justamente por estares a caminho do presbiterado, deverás empenhar-te em viver o tempo do ministério diaconal com maior zelo e profundidade. O povo de Deus espera e tem o direito de ver em ti o testemunho de homem consagrado, de verdadeiro discípulo do Senhor, de homem de Deus. Este é um tempo favorável para experimentar um ardente amor pela Divina Liturgia. Do coração do diácono se espera zelo e reverência para com os sagrados mistérios. Nenhuma criatividade tresloucada deve seduzir o teu coração de ministro do Senhor, nem levar-te a cometer aqueles abusos que deturpam a liturgia e corroem paulatinamente o sentido católico da fé celebrada.

Como servo dos sagrados mistérios, o diácono deve esmerar-se no conhecimento profundo da Palavra que prega, na experiência vital dos mistérios de cuja celebração toma parte e da caridade da qual é despenseiro. A liturgia bem preparada e celebrada com a autêntica ars celebrandi fala por si mesma, santifica quem celebra e leva o coração de ministros e fiéis a mergulhar nas riquezas do Mistério Pascal! Somos servidores, não patrões das coisas de Deus.

Chamado a servir à mesa dos pobres, o diácono procurará com todas as suas forças amar os pobres, servir o progresso social, sim, empenhando suas forças melhores em favor da mudança das estruturas de pecado. Mas fa-lo-á consciente de que esta mudança, ou passa pela conversão pessoal e pela santificação que vem da vivência da ação litúrgica celebrada digne, attente ac devote, ou simplesmente não acontece. É apanágio do ministro ordenado, sobremaneira do diácono, a opção preferencial pelos pobres. Quando esta opção é fruto do encontro pessoal com o Senhor Jesus na escuta fiel da Palavra de Vida e na experiência pessoal desse encontro na Liturgia, logo se vê a eficácia da ação pastoral que não é fruto de uma opção ideológica, mas de uma perfeita fidelidade à Boa Nova, ao Mistério do Verbo de Deus humanado. Com efeito, diz-nos Bento XVI, a nossa fé não tem início em uma ideia, mas no encontro com um acontecimento, com uma Pessoa. Este encontro muda a nossa vida…

Para ti, caríssimo Vinícius Gustavo, que tens buscado nesses anos de seminário aprofundar a experiência de encontro com o Senhor, a tua entrega nunca será um peso. Para ti, que és amigo de Cristo, a Liturgia das Horas será gozo; o celibato, uma alegre oblação; a disponibilidade ao povo de Deus, um ardente e sincero compromisso diário. Nunca estarás só se estiveres de pé junto à Cruz, se a tua solidão for vivida com Jesus crucificado, se contemplando a Virgem Dolorosa cantares o Stabat Mater nos dias de sofrimento. Guarda com fidelidade os ensinamentos do teu encontro pessoal com o Senhor e com a Virgem Maria, no coração da Igreja.

III. “Não fostes vós que me escolhestes” (Jo 15,16), diz o Senhor.

Caríssimo Vinícius Gustavo, não foste tu quem escolheu o Senhor, mas Ele, desde antes da fundação do mundo, te escolheu para seres santo e imaculado diante dEle no amor. Ele te amou e escolheu para o sagrado ministério. Ele mesmo, no Evangelho proclamado hoje te oferece um vasto programa de vida.

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). E o mandamento do amor te impele hoje e sempre: “Caritas Christi urget nos” (2 Cor 5, 14). Embora destinado ao ministério sacerdotal como presbítero unido ao bispo, estes dons do Espírito da ordenação diaconal nunca te deixarão. E a vocação ao serviço de amor a Deus e aos irmãos, a sublime vocação dos servos própria do diácono, esta não será suprimida, mas abraçada e elevada pelo seguinte grau da ordem. Um presbítero que não permanece diácono, deixa de ser sinal eficaz da presença de Cristo que, sendo bom Pastor, veio para servir e dar a vida em resgate por muitos.

Caros irmãos aqui presentes, hoje, o Senhor toma para Si um filho eleito e o dá aos Bispos, Sucessores dos Apóstolos, e aos seus cooperadores, os padres, como preciosa dádiva dentre os filhos do novo Israel. Hoje, ao ser ordenado diácono, o Vinícius morre para uma vida velha, torna-se grão de trigo caído na terra. Morre para muitas aspirações humanas legítimas, a fim de entregar-se de corpo e alma à caridade de Cristo que impele a prosseguir no caminho do Senhor, servindo a Igreja como a Igreja quer ser servida.
Enriquecido pela multiforme graça de Deus, servirá a todos os irmãos, com o mesmo amor e ardor apostólico, sem fazer acepção de pessoas ou de carismas.

Dileto filho Vinícius Gustavo, são incomensuráveis os dons do Senhor com que Igreja hoje te enriquece. Medita com frequência nisso. Mas o que Ele te pede, a ti, eleito e consagrado ao serviço do Senhor? A Igreja, nossa Mãe, hoje, te pede com as palavras de Cristo “Manete in dilectione mea” – permanece no meu amor (Jo 15,9).  A Igreja te pede um amor com coração indiviso, uma obediência semelhante à de Jesus, que se fez obediente até à morte, e morte de cruz. Como Jesus, descobre tu também a alegria de ter por alimento cumprir a vontade do Pai. Oferece-te como oblação viva, unindo-te ao Seu Coração para amares com coração puro e corpo casto a Santa Igreja. Permanece no amor de Cristo!

Resplandeçam em ti as virtudes evangélicas, brilhe em ti o rosto de Cristo servidor, “o amor sincero, a solicitude para com os enfermos e os pobres, a autoridade discreta, a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito” (da Prex ordinationis). Sê homem eucarístico, adorador em espírito e verdade. Trata com reverência as coisas santas.

Enfim, a mesma Igreja reza por ti suplicando que tu, “imitando na terra o Filho, que não veio para ser servido, mas para servir, possas reinar com ele no céu”. O caminho da fidelidade exige de ti entrega total a Cristo e filial confiança na Santíssima Virgem, por cuja fidelidade o Verbo se fez carne e habitou entre nós.

Virgem Mãe Aparecida, soberana Rainha dos Apóstolos, volvei o vosso sublime olhar sobre este filho que o Vosso Filho quis escolher para Si. Tomai-o debaixo do vosso poderoso amparo, guardai-o nos caminhos da gozosa fidelidade ao ministério que hoje lhe confia a Santa Igreja.

Virgem Mãe Imaculada, velai pela Igreja do vosso Filho e pelo ministério dos sacerdotes e diáconos, socorrei-nos a todos em nossas necessidades.

Que este eleito, qual discípulo amado, vos leve para a sua casa, para o coração de sua vida ministerial.

Virgem Mãe Aparecida, rogai por nós que hoje recorremos a vós.

 

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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