sexta-feira, 20 setembro de 2024 ás 1:35 AM
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Tempo oportuno e favorável

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A liturgia é um grande pedagogo que no decorrer do ano nos acompanha despertando em nós valores essenciais à nossa vida. O faz através de suas propostas que naturalmente aguardam respostas concretas, seja por parte da comunidade no seu conjunto, como de qualquer discípulo(a) de Jesus.

Porque a Quaresma é um tempo favorável? Porque a misericórdia, o coração grande de Deus nos procura, abraça e reconcilia. Ele nunca quer a morte do pecador, mas que se converta e viva.

Tomando consciência dos limites, das contradições, dos pecados que carregamos, se desencadeia na consciência individual e coletiva um processo de mudança, de recuperação do que se perdeu, de conversão radical. Resultado: o abraço amoroso do Pai, a recuperação dos projetos originais de Deus, a restauração de um mundo sem divisões, mas fraterno e justo, a vida nova que tem seu ponto forte na vivência das Bem Aventuranças evangélicas. Perder uma oportunidade como esta não vale a pena.

Mas como preencher as propostas quaresmais de forma sólida e segura?
O que nos foi anunciado no início da Quaresma é muito importante e concreto, simples e possível para todos: Oração, Jejum, Esmola, Diálogo ecumênico.

1. Só Deus é Deus e precisamos recuperar um diálogo sério com ele. Não é suficiente a dimensão ritual. Deus é pessoa e a oração nos coloca na dimensão de diálogo da criatura com o Criador, do filho para com o Pai. Nos é oferecido o exemplo de Jesus que se retira para o encontro pessoal com o Pai, encontro que o torna forte contra os desvios do tentador e forte em chegar com liberdade e dignidade até o final da missão que lhe foi confiada.

Oração é coisa séria que precisa de coração, tempo e entrega.

2. Na medida em que se percebe o próprio limite e insuficiência se faz de tudo para recuperar. Reduzir o jejum simplesmente a não comer carne na sexta-feira ou jejuar na quarta-feira de cinza e na sexta-feira santa é muito insuficiente. Quantas realidades cotidianas exigem de nós renúncias, disciplina! Jejuar é largar de mão tudo o que prejudica, escraviza, desvirtua. Colocar um freio à língua, aos olhos, aos sentimentos, à ganância, ao celular, à prepotência e ao orgulho, etc. entra na lógica do jejum, e isso é muito mais custoso a ser feito do que o simples não comer carne.

3. Adquire uma importância grande a prática da esmola, quer dizer da gratuidade absoluta, típica de quem dá sem pretender nada de volta; da solidariedade concreta de quem vê Lázaro à sua porta e não o despreza; de quem enxerga no pobre que tem fome, vive desesperado e sem perspectivas a imagem do Cristo vivo.
A caridade precisa voltar a ser exercida no sentido evangélico, sem tocar trombetas para serem vistos e elogiados. Sem ela não há eternidade e convivência eterna com o Deus da vida e da Fraternidade.

4. A Campanha ecumênica deste ano sobre “Fraternidade e diálogo – compromisso de amor” , é um estímulo grande para recuperar o pensamento de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz, do que era dividido fez uma unidade”.
O texto-Base da Campanha oferece muitas pistas de conscientização e de ação, precisa conhecê-lo, sem cair de forma banal em preconceitos que acabam não permitindo de dar passos para o sonho de Deus.

Luzes e pistas nos são oferecidas abundantemente. Vale a pena aceitá-las e vivê-las para poder chegar à vida plena, à Páscoa da luz, a uma fraternidade universal que responda ao projeto inicial de Deus, restaurado e solidificado com a Morte e Ressurreição de Jesus.

Dom Carmelo Scampa
Bispo emérito de São Luís de Montes Belos

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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