Estamos presenciando e convivendo, nos dias atuais, com uma crise de identidade social, política, econômica e religiosa sem precedentes. Essa realidade afeta também outras situações muito preocupantes para a vida humana. A mente das pessoas não suporta a superficialidade, a infidelidade e o desestímulo para agir. O stress e a perda do sentido da vida são frutos desse currículo da sociedade.
Uma das importantes exigências da fé e da prática da vida em Deus é a coragem. Para viver a fé em Deus, cada pessoa deve enfrentar determinadas situações que ferem a identidade dos valores necessários para essa crença. Tais situações estão cada vez mais frequentes na cultura moderna, presentes nos atos de infidelidade aos princípios da justiça e da verdade, contra o projeto de Deus.
A falta de fidelidade consegue contaminar o público. É uma prática generalizada na sociedade moderna. Até parece que ser fiel é estar fora da realidade e do comum da maioria. Para ser diferente é preciso ter coragem e enfrentar o muro de separação que existe entre a fidelidade e a infidelidade. Não é por acaso que vivemos um clima de insegurança e desconfiança com tudo que nos cerca.
Interessante ver que o clima é tão nefasto para as novas gerações que até armam ciladas contra quem enfrenta o caminho da fidelidade. Isso aconteceu com os profetas bíblicos do passado, justamente porque foram corajosos e conscientes de que o bem sempre vence o mal. Mas não é diferente neste novo milênio quando alguém luta pela justiça e faz de tudo para eliminar o mar.
Nessas situações de inautenticidade, o melhor caminho é seguir a prática de Jesus Cristo na sua fidelidade ao Pai e ao povo que O acompanhava. Destacamos aqui sua forma de agir num mundo hostil aos valores do Reino dos céus, de perseguição à sua pessoa e aos ensinamentos que proclamava. Jesus agia com coragem para defender a vida e os direitos inalienáveis do povo de seu tempo.
Numa realidade de pandemia e medo de contaminação do vírus, o povo brasileiro está se deixando levar por uma “faraônica” seara política de extremismos, desrespeito e manipulação. O que está acontecendo no cenário político não ajuda no combate aos grandes problemas nacionais. Já são mais de 40 mil mortes e vai aumentar se não houver uma unidade nacional no combate ao Covid-19.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba