Estamos vivendo mais uma Semana Santa, a semana em que celebramos os acontecimentos centrais da História de nossa Salvação. Ela inicia com o “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor” e termina na tarde do Domingo da Ressurreição ou Domingo de Páscoa.
A Semana Santa, em que celebramos o Mistério da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, como uma unidade, inicia com o domingo que antecede a Páscoa. Este dia é chamado “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”. Portanto, o mais importante deste domingo é a celebração do início da Semana da Salvação. Os ramos têm um caráter simbólico, como sinais de vida, de esperança e de vitória. São sinais da nossa participação, como Povo de Deus, na caminhada de Jesus para a Páscoa. Eles expressam compromisso, apoio, adesão. Portanto, muito mais que sentidos de efeito curativo ou de sinais de proteção, em momentos de perigo, os ramos nos lembram o compromisso assumido de caminhar com Jesus e com os irmãos, nesta semana, e depois durante o ano inteiro. Para lembrar esse compromisso, até guardamos os ramos bentos, em nossas casas.
A liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor destaca principalmente a procissão, que se realiza com os irmãos e as irmãs para acompanhar Jesus na caminhada a Jerusalém, para a Páscoa. A bênção dos ramos é, portanto, acessória. Toda importância está centralizada no Senhor que vai a Jerusalém, pois chegou “sua hora” de passar pela morte e ressurgir. Um sermão de Santo André, pronunciado no séc. VIII, nos faz entender melhor o que afirmamos e nos orienta para uma adequada espiritualidade litúrgica deste Domingo da abertura da Semana Santa: “…em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo. Revestidos de sua graça, ou melhor, revestidos dele próprio (Gl 3,27), prostremo-nos a seus pés como mantos estendidos… não ofereçamos mais ramos e palmas ao vencedor da morte, porém o prêmio da sua vitória. Agitando nossos ramos espirituais, o aclamemos todos os dias…”.
O centro celebrativo da Páscoa acontece no Tríduo Pascal: que começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. Acompanhemos a celebração destes mistérios, com muita fé e esperança.
Desejamos abençoada Semana Santa para todos. Lembremos que este é o momento alto de nossa vida cristã. Não percamos a oportunidade de celebrar em comunhão com Jesus Cristo e sua Igreja os principais mistérios de nossa salvação. Em meio aos tempos de pandemia e suas consequências, vivamos intensamente a espiritualidade pascal para iniciarmos vida nova em Cristo Jesus Ressuscitado. Ou nós somos também dos que pensam que a Páscoa consiste em preparar coelhos e ovos de chocolate e outras iguarias para serem saboreados numa festa da qual não se sabe o sentido?
A liturgia pascal nos faz cantar neste tempo: “Este é o dia que o Senhor fez para nós. Alegremo-nos e nele exultemos! Aleluia”! Mesmo no distanciamento necessário, por causa do covid-19, continuamos unidos e a vos saudar com votos de Feliz Páscoa ou Feliz Tempo Pascal, pois a nossa verdadeira vida já se esconde em Cristo. Ele está no meio de nós!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)