O processo de construção das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) foi o centro das reflexões durante a reunião do Grupo de Assessores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta terça-feira, 18 de outubro. Os participantes, reunidos de forma virtual, foram assessorados pelo arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da comissão responsável pela preparação das novas indicações para a Igreja no Brasil, dom Leomar Antônio Brustolin.
Em sua apresentação, dom Leomar abordou aspectos da realidade que são considerados nas reflexões que deverão contribuir na construção das novas diretrizes, como o momento de pós-pandemia, a polarização política e os ataques à Igreja. São questões que, de acordo com o bispo, “marcam nosso tempo” e sugerem a reflexão: “como fazer uma evangelização neste contexto?”.
Oito pontos foram destacados como indicativos para as diretrizes: a missionariedade, a sinodalidade, a hospitalidade, o “pequeno rebanho”, o laicato e as ações oriundas dos três múnus do batismo orandi (santificar), credendi (ensinar), agendi (apascentar).
Quanto à missionariedade, a ideia é que seja transversal nas diretrizes. “Essa transversalidade é urgente. A realidade mostra que muitas comunidades estão envelhecendo e perdendo a relevância do Evangelho nos ambientes onde estamos”, disse dom Leomar, recordando pesquisas que indicam a diminuição do número de católicos, em alguns casos, entre os jovens, já na terceira colocação, atrás de pessoas sem religião e evangélicos.
Sobre a sinodalidade, dom Leomar ressaltou a CNBB como uma das forças maiores de sinodalidade na experiência cristã no Brasil. “Que a CNBB continue sendo, não sem sofrer, esse sinal de sinodalidade”, afirmou.
Em relação à hospitalidade, o bispo ressaltou o que é considerado por diversos teóricos um dos temas mais importantes para entender a convivência no planeta. As diretrizes assim, podem recuperar esse conceito.
A ideia do pequeno rebanho, trabalhada por diversos teólogos, foi explicada por dom Leomar a partir de um trecho do livro “Fé e futuro” do então cardeal Joseph Ratizinger.
“O futuro da Igreja pode vir e só virá, também hoje, da força daqueles que têm raízes profundas e vivem da plenitude pura de sua fé. […] Surgirá desta vez uma Igreja que terá perdido muito. Será menor e terá que recomeçar mais ou menos do início”, escreveu Ratzinger, em 1973.
Aqui no Brasil, quando as Diretrizes falam das Comunidades Eclesiais Missinonárias, há uma relação com o pequeno rebanho, “é uma pequena comunidade, que vai fortalecer o todo”. Para dom Leomar, a experiência de personalizar a pastoral “passa por aqui”.
Outro ponto é o protagonismo dos cristãos leigos e leigas, o laicato, na evangelização. Dom Leomar acredita que é possível que as paróquias sejam administradas com a participação mais direta de leigos, “porque muitos leigos conseguem nos ajudar de forma espetacular nos aspectos também de organização das comunidades”.
Os últimos três aspectos dizem respeito à integração dos três múnus recebidos no Batismo pelos cristãos. “Que a lei da oração, a lei da fé e a lei da ação se integrem para termos uma comunidade mais de acordo com aquilo que Cristo espera de suas comunidades”.
Após a exposição de dom Leomar, os assessores apresentaram algumas considerações que foram anotadas pelo bispo e serão refletidas pela comissão que tem se ocupado da construção das diretrizes. O processo para o novo texto será realizado em “caminho sinodal” proposto pela CNBB que se estenderá até 2025.
Em carta à Igreja no Brasil, CNBB anuncia caminho sinodal para construção das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora
Fonte: CNBB