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“Prioridades pastorais em tempo de pandemia precisam tocar na individualidade das pessoas”, destaca sacerdote em palestra a coordenadores regionais de pastorais

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No sábado, 20 de fevereiro, foi realizada de modo virtual o 1º Encontro de Coordenadores diocesanos e regionais de pastoral, coordenadores de movimentos e presidentes de organismos do regional. A primeira parte da reunião foi conduzida pelo padre Manoel de Oliveira Filho, da Arquidiocese de Salvador (BA), graduado em história, com experiência em teologia e ênfase em teologia pastoral. Ele proferiu palestra sobre o tema “Ações pastorais em tempo de pandemia”, com mediação do secretário executivo do regional, padre Eduardo Luiz de Rezende e do coordenador regional da Pastoral da Comunicação (Pascom) irmão Diego Joaquim.

“Não há receita, nem fórmula mágica, o momento é um horizonte novo com desdobramentos econômicos e psicológicos”, afirmou logo no início de sua fala o sacerdote, que também é pároco da Paróquia Ascensão do Senhor e professor da Universidade Católica de Salvador. Padre Manoel afirmou que neste tempo de pandemia precisa se sobressair a Igreja em processo, em caminho, isto é, a Igreja que está em construção com toda a dinâmica do caminho com suas contradições e incertezas. Para explicar melhor isso, ele citou o trecho do evangelho sobre os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). “Neste tempo de pandemia Cristo caminha conosco, assim como caminhou com os discípulos de Emaús, entrando em sua estrada e história. Hoje nós estamos neste momento de incerteza assim como aqueles discípulos, não sabemos a quem a doença vai atingir, por isso precisamos nos compreender como povo de Deus a caminho para que ele nos ajude a serenar a alma. As respostas definitivas estão na fé, pois somos construtores da tenda da aliança”, explicou.

Entender que somos povo a caminho, ter uma base eclesiológica de povo de Deus, conforme o palestrante, faz toda a diferença nas práticas pastorais desse tempo. “Nossa segurança é Deus, não as estruturas”, disse. Concretamente, essas práticas pastorais se fazem muito eficientes quando a Igreja assume sua missão de tocar a vida das pessoas. “O principal eixo da evangelização é a proximidade. Jesus olhava as pessoas, estava com elas. Não há necessidade maior de evangelização que a proximidade”. Padre Manoel destacou que as prioridades pastorais precisam mudar. “Somos povo de Deus, não massa. Tocar na individualidade quer dizer fazer uma ligação telefônica, desenvolver projetos de escuta, de modo que o nível de proximidade seja um eixo transversal. Inspirados em Jesus que olhava, escutava, dava voz, tocava na realidade de cada um”.

Proximidade pelo ambiente virtual
Padre Manoel fez comentários sobre a Mensagem do papa emérito Bento XVI para o 43º Dia Mundial das Comunicações Sociais, de 2009, em que o Santo Padre cunhou pela primeira vez o termo “continente digital” ao se referir à internet. “Há mais de dez anos o papa Bento XVI apontou horizontes, consciente de que nós precisamos ocupar e bem esse espaço que é carregado de possibilidades. Na internet podemos ser presença de proximidade, desnudar a presença de toda a lógica do espetáculo que um dia acaba. Na tela também existe mãos entrelaçadas que geram proximidade. Esse é outro eixo pastoral”, refletiu.

Neste tempo de pandemia, continuou ainda o palestrante, é fundamental a mudança de paradigma com relação à dimensão pastoral, desenvolvendo formas novas de ação. Padre Manoel disse que um caminho novo é muito necessário, sobretudo que esteja próximo das pessoas que mais precisam. O mundo digital desde que começou a pandemia e posteriormente a esse período deverá continuar a ser híbrido, na visão do sacerdote. “A proximidade passa pela cultura do encontro. Esse é outro eixo pastoral. O mundo que assistimos agora e no tempo pós-pandêmico será presencial e remoto com todos os seus limites, mas também cheio de possibilidades. Limitado porque teremos que nos adaptar às diversas realidades e com possibilidades porque alcançaremos muito mais pessoas”. A cultura do encontro, que é um grande tema do pontificado do papa Francisco, conforme explicou o padre, precisa ser bastante explorado pela Igreja. “Nossas paróquias precisam chegar à realidade do outro, isso é tomar iniciativa, é a misericórdia que vai à miséria do outro. O que estamos vendo é um profetismo. Francisco anteviu o que estava por vir, por isso precisamos retomar o magistério dele que apontou caminhos para o que estamos vivendo. São cruciais para nós a sustentabilidade econômica e ecológica”.

Ao fim de sua apresentação, padre Manoel citou os verbos recorrentes no pontificado do papa Francisco: primeirear, envolver, acompanhar, frutificar e festejar. Ao refletir sobre as palavras, o palestrante disse que a pandemia não deve gerar medo, mas coragem para promover um encontro novo e ativo. “Neste momento, a Igreja precisa anunciar a Boa Nova sem medo. De que forma? Enraizando a coragem, não oferendo apenas algo, mas alguém: Jesus Cristo. Como bom baiano eu dou o exemplo de Santa Dulce dos Pobres. Ela não escreveu livro, não deu palestras, mas foi quem mais evangelizou na Bahia porque sua motivação estava na fé, no Deus da esperança. Sem dizer ela falava de Deus e tinha predileção pelos invisibilizados”.

Após a participação do padre Manoel foi aberto um momento para perguntas, que teve ampla participação dos coordenadores de pastorais, movimentos e organismos do regional. Alguns destacaram suas dificuldades pastorais neste tempo de pandemia, mas também os avanços que vem acontecendo gradativamente. Outros afirmaram que é necessário abandar as estruturas caducas, isto é, aquelas que não são mais eficientes e, ao mesmo tempo, aprimorar as novas formas de evangelização.

A segunda parte da reunião foi conduzida pelo irmão Diego Joaquim (Pascom e CPA) com os encaminhamentos do processo de planejamento da Reunião de Avaliação Regional a ser realizada em outubro deste ano. Após uma rápida explanação sobre o processo, ele pediu aos participantes, sugestões de temas e assessores para o evento. Várias sugestões foram apresentadas pelos coordenadores, as quais serão apresentadas aos bispos para deliberação, na próxima reunião do Conselho Regional Episcopal (CONSER), a ser realizada nos dias 16 a 18 de março, de modo virtual.

Padre Eduardo confirmou o 2º Encontro de Coordenadores diocesanos e Coordenadores (as) de pastoral, movimentos e presidentes de organismos do regional, a ser realizado nos dias 12 a 14 de agosto, com assessoria de Dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), que trabalhará o tema: Criação e Animação de Comunidades Eclesiais Missionárias.

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