O Papa Francisco rezou o Angelus neste domingo (3) novamente da biblioteca do Palácio Apostólico, como medida de restrição por causa da pandemia. No Brasil, a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor com o Evangelho (Mt 2,1-12) sobre os três Reis Magos que, do Oriente, vieram adorar o Menino Jesus em Belém. Já o Pontífice, na alocução que precedeu a oração mariana no Vaticano, refletiu sobre o Evangelho de João (1,1-18) que não traz “um episódio da vida de Jesus, mas nos fala d’Ele antes nascer”, revelando “algo sobre Jesus antes que viesse entre nós”.
Desde o princípio, a Palavra
O Pontífice enaltece, através da liturgia do dia, que Jesus existia antes do aparecimento da vida, “antes do início das coisas, antes do universo, antes de tudo. Ele existe antes do espaço e do tempo”. São João o chama de “Palavra”, recorda o Papa, que tem a força da “comunicação”, que significa falar sobre algo com alguém:
“O fato de Jesus ser desde o princípio a Palavra significa que desde o início Deus quer se comunicar conosco, quer falar conosco.”
Uma comunicação que reflete “a beleza de ser filho de Deus”, de sermos amados. O Papa, então, nos recorda que “esta é a maravilhosa mensagem de hoje: Jesus é a Palavra, a Palavra eterna de Deus, que sempre pensou em nós e quer se comunicar conosco”.
Das palavras se fez carne
Para fazer isso, afirma Francisco, “Ele foi além das palavras”, como o próprio Evangelho nos diz que a Palavra “se fez carne e habitou entre nós” (v. 14):
“Se fez carne: por que São João usa esta expressão, ‘carne’? Não poderia dizer, de maneira mais elegante, que se fez homem? Não, usa a palavra carne porque ela indica a nossa condição humana em toda sua vulnerabilidade, em toda sua fragilidade. Ele nos diz que Deus se fez fragilidade para tocar de perto as nossas fragilidades. Portanto, desde que o Senhor se fez carne, nada em nossa vida é estranho para Ele. Não há nada que Ele desdenhe; tudo podemos compartilhar com Ele, tudo. Querido irmão, querida irmã, Deus se fez carne para nos dizer, para dizer que lhe ama ali mesmo, que nos ama ali mesmo, nas nossas fragilidades, nas suas fragilidades; ali mesmo, onde a gente mais se envergonha, onde você mais se envergonha.”
O Papa afirma que essa é uma decisão “audaz de Deus”, de se fazer carne justamente onde nós mais nos envergonhamos. Francisco recorda, assim, que ao se fazer carne Deus “não voltou atrás”:
“Não pegou a nossa humanidade como uma roupa, que se veste e se tira. Não, nunca mais se desprendeu da nossa carne […]. E nunca mais vai se separar: agora e para sempre Ele está no céu com o seu corpo de carne humana. Ele se uniu para sempre à nossa humanidade; poderíamos dizer que se ‘casou’ com ela. [..] O Evangelho diz, na verdade, que veio habitar entre nós. Ele não veio nos fazer uma visita e depois foi embora, veio para habitar conosco, para estar conosco.”
Acolher Jesus na nossa fragilidade
Francisco finaliza a oração mariana do Angelus, pedindo justamente à Santa Mãe de Deus, “em quem a Palavra se fez carne”, que nos ajude a acolher Jesus, “que bate à porta do coração para habitar conosco”. O que Deus deseja de nós realmente, acrescenta o Papa, é uma grande intimidade:
“Ele quer que compartilhemos com Ele alegrias e dores, desejos e medos, esperanças e tristezas, pessoas e situações. Façamos isso, com confiança: abramos o coração a Ele, vamos contar tudo a Ele. Façamos uma pausa em silêncio diante do presépio para saborear a ternura de Deus feito próximo, feito carne. E, sem medo, convidemos Ele para a nossa casa, na nossa família e também – cada um conhece bem – vamos convidá-Lo nas nossas fragilidades. Vamos convidá-Lo para que veja as nossas feridas. Ele virá e a vida vai mudar.”
Fonte e foto: Vatican News/Vatican Media