Nesta terça-feira, 5 de março, prosseguiu o segundo dia do Congresso Internacional de Pastoral Urbana, no Teatro 40 da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A manhã foi ocupada por partilhas de experiências de pastoral nas cidades e reflexões sobre a cultura urbana, a partir do pontificado do Papa Francisco.
As atividades do segundo dia, iniciaram com a oração inspirada na Campanha da Fraternidade e com a partilha de experiências sobre a pastoral nas grandes cidades, a partir do trabalho pastoral nas grandes cidades, realizado pela ACN, reconhecida também por AIS: Ajuda à Igreja que Sofre, na Alemanha.
Ana Parente apresentou o trabalho da ACN, desde suas origens, passando pelo apoio à Igreja no Brasil, desde a década de 60. Na sequência, apresentou exemplos de ajuda pastoral frente às atuações das grandes cidades, a exemplo do Grupo de Religiosas Inseridas no Meio Popular da arquidiocese de Salvador da Bahia e das Religiosas do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras (PIME), com o projeto Ocupação Recanto dos Humildes, da arquidiocese de São Paulo, entre outras inúmeras iniciativas.
Conferências da manhã
A primeira conferência do dia foi feita pelo bispo auxiliar do Rio de Janeiro e membro da Comissão Teológica Internacional, dom Antônio Luís Catelan, que apresentou “a Cidade no Magistério de Francisco”, a partir das referências de Laudato Si e Evangelii Gaudium (EG).
Segundo o conferencista, o Papa Francisco apresenta duas grandes perspectivas, primeiramente, descreve a cidade como lugar de superação dos desafios, entre eles, deterioração da qualidade de vida e degradação social, onde há uma hipervalorização da necessidade de consumo, sintoma de uma crise antropológica definida pela inversão de valores e marcada uma silenciosa ruptura dos vínculos de integração e comunhão social.
Na sequência, refletiu sobre as oportunidades para a vida nas cidades, a partir da perspectiva da ecologia integral, marcada por outro tipo de beleza e por caminhos que permitem estar em casa dentro da cidade e reconhecer na casa lugar central da ecologia humana, que possibilita entre outras coisas a relação importante do corpo com o meio ambiente.
À luz do pontificado do Papa Francisco fez prospecções para a vida nas cidades, sinalizando que é preciso favorecer a contemplação, imaginar espaços querigmáticos de oração e comunhão, e assumir consequência social do querigma, mediar diálogos difíceis face aos problemas citadinos, e reconhecer no Evangelho o melhor remédio aos desafios encontrados, cuidar dos cuidadores, fomentar um estilo de vida pautada na espiritualidade, e sermos capazes de favorecer a ecologia integral.
Segundo dom Antônio Catelan, a partir da proposta das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, “formar novas comunidades é inserir-se na vida das cidades. Estas inserções podem constituir profecias num mundo marcado por isolamentos e violências. Estas comunidades podem ser profecias de que é possível viver a cidade de outro modo, com critérios e valores hauridos do Evangelho, que também promovem a cidade”.
O arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino, ocupou-se da segunda reflexão sobre o tema “Linhas de Ação do Papa Francisco para a cidade”. Em sua reflexão, enfatizou elementos que fizeram parte da vida e reflexão do Papa Francisco anteriores ao pontificado, e que definiram a sua reflexão atual sobre a pastoral no contexto urbano. Recordou que o Papa Francisco é o primeiro pontífice nascido numa metrópole. “
“A cidade ocupa lugar especial no coração do Papa Francisco, uma vez que, nasceu numa metrópole e ali exerceu seu trabalho pastoral, como também, continuou a exercer o ministério episcopal noutra metrópole, cidade de Roma. Enquanto redator do Documento da quinta conferência do Episcopado Geral Latino-Americano contribuiu com a reflexão sobre a vida das cidades, como também, na reflexão sobre a Congregação Geral que antecedeu ao conclave quando refletiu sobre a vida das cidades junto aos cardeais, a partir das periferias do mundo”.
Em sua reflexão, o conferencista destacou alguns pontos do magistério do Papa Francisco, a saber: o olhar de fé para a cidade, a fim de desvendar a presença de Deus na cidade (EG 71), auscultar os apelos de transcendência nos gestos de luta pela sobrevivência na cidade (EG 72), escutar as vozes das periferias (EG 210 -11), arriscar-se na identificação de novas expressões culturais na cidade para o anúncio do querigma (EG. 73), imersão nos diferentes âmbitos da cidade organizando pastorais de fronteira (EG 74), diálogos sem reservas que apostem na riqueza da escuta e do diálogo (EG 74), o testemunho da proximidade (EG 75) e o pastoreio com profecia (EG 211).
Destacou que seria importante analisar as linhas pastorais da arquidiocese de Roma, onde o Papa é bispo, a fim de aprofundar as aplicabilidades da sua reflexão pastoral num contexto urbano. Concluiu com referência à música Sampa de Caetano Veloso, pedindo “que Deus nos dê olhos místicos e poéticos para reconhecer a presença de Deus na vida das cidades”.
Em suma, a manhã do segundo dia do Congresso Internacional recepcionou as indicações do Papa Francisco para a pastoral no contexto urbano, recolhidas da atuação pastoral anterior ao pontificado e na Igreja no continente latino-americano, bem como, do seu atual momento como pontífice, nas Exortações e Encíclicas.
Conferências da tarde
A segunda tarde do Congresso Teológico Internacional de Pastoral Urbana teve início com um tempo de oração que recordou aos participantes que “tudo está interligado como se fôssemos um, tudo está interligado nesta Casa Comum”.
Em seguida, o arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Steiner, proferiu uma conferência sobre “Os desafios da evangelização no contexto amazônico”. Após a interação dos participantes por meio de perguntas e respostas do expositor, dom Leomar Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, apresentou as “Perspectivas para a Iniciação à Vida Cristã no mundo urbano”, igualmente seguida de interação dos participantes.
Um breve intervalo deu lugar à solene celebração de concessão do título de Doutor Honiris Causa ao cardeal português José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação no Vaticano, que proferiu a última conferência da tarde sob o título “Desafios da cultura urbana para a Evangelização hoje”.
Com informações e fotos do padre Danilo Pinto
Fonte: CNBB