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Vigiai! – A Mesa da Palavra – 1º Domingo do Advento

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A MESA DA PALAVRA
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida
I Domingo do Advento – B
3 de dezembro de 2023

VIGIAI!

Caros amigos,

Com oração das Primeiras Vésperas deste Domingo, isto é, ao por do sol do sábado, a Igreja inicia o tempo do Advento e se abre o novo ano litúrgico. Neste ano, dito B, os nossos domingos serão iluminados pelo Evangelista Marcos.

Este ano, a Igreja no Brasil nos presenteia com um precioso tesouro. Torna-se obrigatório para todo o Brasil o uso da nova tradução da terceira edição típica do Missal Romano, o mesmo que o Papa usa em Roma. Nos últimos 20 anos, muitos especialistas em liturgia e nas línguas latina e portuguesa, se dedicaram a oferecer uma boa tradução do original latino. Uma equipe de Bispos qualificados nessa matéria revisou o novo texto proposto pelos peritos, para que a linguagem fosse mais fiel ao latim original e à beleza de uma língua portuguesa nobre e simples, bela e compreensível aos fieis. Os textos foram aprovados pelos Bispos do Brasil reunidos em Assembleia e, posteriormente, confirmados pela Santa Sé. Agora, promulgado pela CNBB, a nova tradução do Missal Romano, texto oficial para a celebração da liturgia eucarística em língua portuguesa no Brasil.

Desse modo, podemos agora celebrar nossas eucaristias de modo mais próximo ao modo como reza o Papa – ele em latim ou italiano, nós em português – expressando os tesouros da nossa fé em forma de oração. Por este presente que recebemos na preparação para o Natal de 2023, elevamos nossa oração cheia de gratidão a Deus por todos os que trabalharam na CETEL – Comissão de Textos Litúrgicos da CNBB. Alguns dos peritos e bispos trabalharam muito para nos deixar este missal, mas já foram chamados pelo Pai para a Liturgia celeste. Que no Banquete do Cordeiro, na Jerusalém Celeste eles saboreiem o refrigério que as nossas liturgias aqui na terra suplicam para eles.

O tempo do Advento, que iniciamos hoje, é um tempo em que a Igreja nos enleva dando as razões de nossa esperança. Nesta virtude, contemplamos a fidelidade de Deus às Suas promessas e prelibamos a felicidade prometida para a vida futura, tanto pessoalmente na vida da graça, como sacramentalmente na vida litúrgica da Igreja, nossa mãe.

É fácil notar nos textos do Missal, orações e prefácio próprios para os domingos que antecedem o Natal, a Liturgia deste tempo nos coloca diante dos olhos os três adventos do Senhor. Três adventos, três vindas, três visitas que o Senhor nos faz em vista da nossa salvação.

O primeiro advento – que celebramos como memorial e com grande ação de graças – é a sua vinda na humildade da carne, em cumprimento de todas as promessas da Antiga Aliança. O segundo advento – que celebramos vigilantes na esperança da plena realização – é a parusia, o a vinda gloriosa de Jesus no fim dos tempos, cercado de majestade e do esplendor dos anjos. No primeiro advento, Ele assumiu a nossa pobre natureza humana, foi julgado por tribunal iniquo e condenado. No segundo advento ele virá como Juiz levantando vivos e mortos para o julgamento final, o juízo do Deus justo e misericordioso, para pedir contas da missão que nos confiou na ascensão e agora abrir a porta da mansão celeste para nós.

Mas há também um terceiro advento, uma vinda que acontece sem cessar entre o primeiro e o segundo: trata-se da quotidiana visita que o Senhor nos faz quando nos abrimos à Sua graça. Sim, é Cristo que passa e bate à nossa porta, cumprindo a promessa de estar conosco até o fim dos tempos. Com esta nos tornamos capazes de celebrar a presença viva do Verbo de Deus humanado, vivendo na história como filhos da luz e aguardando vigilantes o Senhor que virá “como um ladrão” para julgar os vivos e os mortos.

A primeira leitura, extraída do Profeta Isaías (63,16–64,7), reconhecendo a triste situação em que se encontra Israel como justo castigo pelos pecados, o profeta explicita em forma de queixa coletiva a esperança do povo. Esta esperança tem fundamento na lembrança dos imensos benefícios realizados na história de Israel. Não foge ao profeta a impossibilidade de se voltar a Deus se Ele mesmo não tomar a iniciativa de se voltar para o Seu povo mediante o perdão e a misericórdia. Daí a súplica de Israel: “Ah! Se rompesses os céus e descesses!” (Is 63,19). E aqui a profecia aponta para a vinda futura do Servo, do Messias: “Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos!” (Is. 64,4).

A súplica do povo eleito aparece no salmo que invoca Deus como Pastor de Israel (Sl 79): “Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos! Vós que sobre os querubins vos assentais, aparecei cheio de glória e esplendor!” (Sl 79,2).

Com a vinda de Jesus na humildade da carne, no ventre santíssimo da Virgem Maria, se realizam e superam as expectativas de Israel. Não apenas um enviado do Senhor, mas o próprio Verbo de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade entra na história e passa a vida fazendo o bem. Ao passar pelo mistério da Cruz e Ressurreição, Jesus vai ao Céu prometendo voltar cercado de glória e esplendor para julgar os vivos e os mortos. O convite da liturgia toda do advento é que vivamos a esperança na vigilância: “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer!” (Mc 13,35).

O Apóstolo dos gentios, escrevendo aos irmãos de Corinto, assegura-lhes a eles e a nós que da parte do Senhor nada nos falta para perseverarmos até a vinda do Senhor. “É ele que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até ao fim, até ao dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1,8). Da nossa parte, cabe a correspondência ao Senhor com um comportamento irrepreensível e repleto de gratidão pelos dons que as visitas do nos proporcionam.

Neste tempo, cantemos com a Igreja: “Rorate Caeli desúper et nubes plúant justu – Derramai, ó céus, o vosso orvalho do alto, e as nuvens chovam o Justo. Inspirado pelos clamores do Antigo Testamento para que Deus nos resgatasse e nos mandasse o Messias, este canto “Rorate Caeli” representa magistralmente o espírito de súplica e expectativa do Advento.

Com Maria Santíssima, nossa Mãe, confiemos nossa peregrinação neste novo ano litúrgico àquela que diz: “Faça-se”, cumpra-se em mim segundo a tua palavra.

Diocese de Itumbiara
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A Diocese de Itumbiara foi criada no dia 11 de outubro de 1966, pelo Papa Paulo VI, desmembrada da Arquidiocese de Goiânia; seu território é de 21.208,9 km², população de 286.148 habitantes (IBGE 2010). A diocese conta 26 paróquias, com sede episcopal na cidade de Itumbiara-GO.

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